sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ministério Público pede suspensão do aumento de tarifa da Caema


Em razão da má qualidade dos serviços oferecidos à população pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), a 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do consumidor ajuizou, em 19 de dezembro, Ação Civil Pública contra a empresa, solicitando a suspensão da 2ª parcela do reajuste da tarifa de água e esgoto prevista para ser cobrada a partir do dia 1º de janeiro de 2013. Em caso de descumprimento, está prevista uma multa de R$ 50 mil.

Propôs a manifestação ministerial a promotora de justiça Lítia Teresa Costa Cavalcanti.

No ano de 2011, ficou estabelecido, por meio da Resolução nº 001/2011 da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado do Maranhão, que a Caema faria um realinhamento de suas tarifas em duas etapas. A primeira parcela do aumento foi aplicada em janeiro de 2012. A segunda começaria a partir de janeiro de 2013.

Como condição para os reajustes da tarifa, o Ministério Público do Maranhão (MPMA) propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), contendo uma série de medidas e políticas públicas com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços de saneamento oferecidos pela empresa, entre os quais, obras para a melhoria dos sistemas Italuís, Sacavém e Paciência; recursos para abastecimento de carros-pipa; implantação de 100 mil hidrômetros; licitação para execução de projeto para produção e distribuição de água na grande São Luís; execução do projeto dos sistemas de esgotamento das bacias do São Francisco, Anil e Vinhais.

No fim de 2012, foi constatado que a empresa não concluiu nenhuma das obras, não tendo cumprido as melhorias exigidas pelo TAC, após um ano da assinatura do acordo e da aplicação da primeira etapa do reajuste.

Apesar do aumento, segundo a promotora de justiça Lítia Cavalcanti, os consumidores de todo o Maranhão continuaram a sofrer com a falta de água, pagando empresas privadas de carros pipas para ter um serviço de primeira necessidade em casa. "A população paga duas vezes para ter água, já que o Estado tem sido omisso nesta função", declarou.

Lítia Cavalcanti afirma que a situação se agrava a cada dia com a constante interrupção no sistema de abastecimento causada pelos rompimentos na adutora do Sistema Italuís. Além da descontinuidade do abastecimento de água, o tratamento de esgoto não é realizado de forma completa, desrespeitando o art.3º da Lei nº 11.445/2007. "A tarifa da Caema é uma das mais baixas do país. No entanto, o reajuste tarifário praticado acima dos índices da inflação do período, aliado a um processo histórico de má gestão da companhia, não pode onerar o orçamento doméstico do consumidor, comprometendo a sua dignidade", completou.

O MPMA também pediu a devolução em dobro dos valores pagos pelos consumidores depois do reajuste das faturas de consumo e indenização por dano moral coletivo pelas práticas abusivas cometidas contra o consumidor, no valor de R$ 5 milhões, a ser revertido ao Fundo Estadual de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor.

MPF denuncia 'igreja' que girou R$ 400 mi


Procuradoria acusa três por crimes financeiros e sonegação a partir de entidade religiosa que só existia no papel
FAUSTO MACEDO - O Estado de S.Paulo
O Ministério Público Federal em São Paulo apresentou denúncia à Justiça contra três integrantes de uma organização especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas e falsidade ideológica. O grupo fazia uso de uma igreja fantasma - com registro oficial, mas sem templo nem fiéis - por meio da qual movimentou R$ 400 milhões.
A Polícia Federal apurou que 687 pessoas, em diversas localidades e sem nenhuma renda declarada receberam recursos da "igreja". Um acusado era o responsável pela "igreja de papel", que "funcionou" entre 2005 e 2009. No local indicado como endereço da igreja funcionava uma academia de ginástica.
A falsa organização religiosa era comandada por laranjas que nem sequer sabiam de sua existência. O responsável pela "igreja" cuidava de outras nove empresas, que movimentaram mais R$ 100 milhões.
Para a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, autora da denúncia, as provas recolhidas durante a Operação Lava Rápido, da PF, mostraram que os acusados operavam um verdadeiro "nascedouro de empresas de fachada", utilizadas para a prática de vários crimes.
A investigação teve início quando a Receita identificou fatos entre 2008 e 2011 - complexo esquema de atividades ilícitas com a participação de servidores públicos estaduais.
O Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) mapeou empresas de fachada usadas pelo grupo. Essas empresas enviavam valores para os EUA, à margem dos sistemas oficiais e de controle e monitoramento. Foram denunciados à 2.ª Vara Criminal da Justiça Federal um empresário, um economista e um contador.
Karen alerta que as empresas funcionavam como "verdadeiro bureau de serviços" para a efetivação dos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro de atividades supostamente ilícitas de clientes, como empresas de comercio exterior, construção civil, setor esportivo, representantes do setor agropecuário.
A organização criminosa dedicava-se à constituição de empresas de fachada para emissão de notas fiscais fraudulentas, com o objetivo de forjar a criação e comercialização de créditos de ICMS e IPI, abrindo caminho para a sonegação de tributos.
O MPF identificou delitos de subtração de procedimentos fiscais do âmbito da Secretaria da Fazenda de SP e corrupção.

Barbosa diz que abrigar condenados na Câmara é violação da Constituição


EDUARDO BRESCIANI / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
A possibilidade de a Câmara dos Deputados dar abrigo a parlamentares condenados no processo do mensalão para evitar prisões foi classificada ontem como "uma violação das mais graves à Constituição" pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e relator da ação, Joaquim Barbosa. A declaração foi dada após o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), dizer que não descarta a hipótese de acolher os deputados condenados, para protegê-los (leia abaixo).
Barbosa fez outras críticas ao Legislativo, no qual haveria a "tirania do grande número", uma "tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como se diz por aí". O ministro afirmou que os ataques feitos às decisões do Supremo decorrem de falta de compreensão do sistema jurídico e de "falta de leitura".
O presidente do STF afirmou que não cabe a uma "autoridade política" decidir sobre prisão. "A proposição de uma medida dessa natureza, de acolher condenados pela Justiça no plenário de uma das Casas do Congresso, é uma violação das mais graves à Constituição brasileira."
Desde que o Supremo decidiu pela perda de mandato dos deputados condenados no processo, Judiciário e Legislativo trocam rusgas pela imprensa. As divergências se agravaram após liminar do ministro Luiz Fux impedir a derrubada do veto presidencial na lei dos royalties do petróleo antes de outros 3 mil vetos serem apreciados pelo Congresso.
Para rebater outra declaração de Maia - a de que é o Congresso quem nomeia e cassa ministros do STF -, Barbosa classificou-a como fruto de "desconhecimento puro das instituições". Disse que jamais poderia se cogitar crime de responsabilidade - hipótese em que o mandato pode ser retirado - quando um ministro do STF cumpre sua função.
Barbosa observou que a República brasileira é constituída pela separação de poderes e defendeu o sistema como melhor do que um modelo que privilegiasse o Legislativo. "Não há tirania maior do que a do grande número, e essa tirania do grande número, em geral, se estabelece no Parlamento, uma tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como se diz por aí."
Prerrogativas. O ministro refutou acusações de que o STF tenha tomado prerrogativas do Legislativo. "As pessoas são eleitas para gozarem de privilégios que não são extensivos ao cidadão comum? Inclusive privilégios de natureza penal, privilégios consistentes em atacar o patrimônio público e violar de maneira grave todo sistema de normas do país. Será que a Constituição confere esse tipo de privilégio?", questionou. "Isso é falta de compreensão do nosso sistema jurídico constitucional, falta de leitura, de conhecimento do próprio País, da Constituição do País."
Barbosa confirmou que vai ser o responsável pela execução penal do processo do mensalão, definindo onde os condenados pagarão suas penas. O presidente do STF afirmou que cada ministro tem de estar preparado para a repercussão das decisões que toma e disse estar "lisonjeado" com pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República que apontam até 10% para seu nome. "Mas isso, evidentemente, não muda em nada aquilo que sempre fui, um ser absolutamente alheio a partidos políticos", disse. Questionado sobre as críticas de condenados a sua atuação, foi irônico: "Não discuto com réus meus", afirmou, encerrando a entrevista.

O escândalo da CPI do Cachoeira



O Estado de S.Paulo
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é uma prerrogativa da minoria no Estado Democrático de Direito para evitar que a maioria imponha permanentemente e discricionariamente sua vontade política nas decisões parlamentares. Por meio dela o Parlamento exerce seu poder de fiscalizar atos do Executivo garantindo a impessoalidade e a probidade da gestão dos recursos públicos. Na política nacional, a prática anda bem distante da teoria: as CPIs têm servido, sem exceções notáveis, de mero instrumento de propaganda de partidos e políticos que ganham destaque no noticiário dos meios de comunicação sem que haja resultados práticos nas investigações. O caso específico da CPI reunida a pretexto de devassar as atividades criminosas do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira e suas relações espúrias com uma empreiteira de notório favoritismo em licitações federais, estaduais e municipais pelo País afora e com destacados membros da elite dirigente nacional foi ainda mais longe na sórdida exibição de desprezo dos representantes do povo pelo comezinho respeito aos interesses e valores públicos.
O descalabro teve início na motivação de sua instalação em abril deste ano. Até os patos que nadam no espelho d'água da Praça dos Três Poderes estavam informados de que nunca houve interesse em investigar e punir eventuais malfeitos, para usar expressão popularizada pelo lulopetismo. O que a motivou foi o personalíssimo desejo de vingança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, que ousara revelar publicamente que o informou da compra de apoio das bancadas do Congresso a projetos de interesse do governo. Por culpa desse pecado, nada de relevante foi revelado nos testemunhos prestados na CPI. A maioria governista, preocupada com a possibilidade da exposição de negociatas da construtora Delta, do empreiteiro Fernando Cavendish, tratou de bombardear quaisquer tentativas da exposição das relações contaminadas entre a empresa e figurões da República e governadores amigos, entre os quais o petista Agnello Queiroz e o fluminense Sérgio Cabral, cuja notória intimidade foi revelada em banquetes com o empreiteiro.
Nas sessões da comissão a Nação teve oportunidade de ver como uma CPI, convocada para examinar fato determinado, pode se prestar a ajustes de contas de toda ordem. O senador alagoano Fernando Collor de Mello, por exemplo, empreendeu todos os esforços para constranger o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e cinco jornalistas, entre os quais o editor-chefe e diretor da Sucursal da Veja, revista desafeta dele e dos petistas que ajudaram a apeá-lo da Presidência. Isso mais a ofensiva contra o governador tucano de Goiás, desafeto pessoal de Lula, deixaram para trás as apurações das traquinagens feitas com dinheiro público.
A primeira versão do relatório do deputado petista Odair Cunha (MG), que contemplou esses desvios de finalidade, provocou fortes reações de uma forma tão explícita a ponto de levá-lo a retirá-los do texto final, com 5 mil páginas ao todo. Essa concessão, contudo, não bastou para que o documento passasse pelo crivo da maioria na última reunião da CPI em 18 de dezembro. Rejeitado por 18 a 16, numa manobra da oposição com pequenas bancadas insatisfeitas, o relatório resumido terminou sendo substituído por outro, de apenas uma página e meia, da lavra do deputado Luiz Pitman (PMDB-DF), que cancelou os 40 pedidos de indiciamento e, sem apontar nenhum responsável pelos delitos que deveriam ter sido investigados, se limitou sugerir o envio dos dados em poder da CPI ao Ministério Público Federal.
Entre mortos e feridos escaparam todos, da Delta do empreiteiro Fernando Cavendish ao governador tucano Marconi Perillo, alvo da santa ira de Lula e motivação inicial da comissão. Mas a CPI deixou uma vítima oculta: a reputação do Poder Legislativo, onde é possível relatar-se uma série de escândalos em 5 mil páginas, depois reduzidas a uma página e meia, sem que os verdadeiros culpados pelas lambanças sejam indiciados.

Presidente decide hoje pedido de prisão imediata


O Estado de S.Paulo
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, vai analisar hoje o pedido do procurador Roberto Gurgel para a prisão imediata dos condenados no mensalão. Barbosa ressaltou que o caso não tem jurisprudência no Supremo e emitiu sinais contraditórios sobre sua decisão. Ele lembrou que pedido semelhante foi feito pelo Ministério Público na fase de instrução do processo e negado por ele. Porém, ressaltou que "o momento agora é outro". Sobre a jurisprudência de não se aceitar a prisão antes do fim do processo, reconheceu a tradição da Corte nessa direção, mas tratou o caso como único, por ser a primeira vez que será julgada a antecipação da prisão com base em uma decisão do próprio Supremo. / E.B.

Operação desarticula quadrilha de roubo de carros no Maranhão


NOTÍCIAS / MARANHÃO
Foto: Divulgação
SÃO LUÍS - Uma ação conjunta desencadeada pelos policiais civis, da Superintendência do Interior (SPCI), e militares, do Serviço de Inteligência do 2º BPM, sediado no município de Caxias, resultou na prisão de três pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha envolvida com roubos de carros.
Segundo as investigações, eles agiam, em pelo menos dois Estados. A polícia já descobriu que o bando fez vítimas em Teresina (PI) e Caxias.
Foram presos: Nadjackson Carvalho da Silva, de 39 anos, Felipe da Silva Saraiva, 28 anos, e Marta Dias Cunha, 23 anos. Todos naturais do Estado do Piauí.
O trio foi localizado pelas equipes policiais em um hotel no centro de Caxias. Nadjackson e Felipe da Silva possuem mandados de prisões preventivas em aberto por roubo no seu estado de origem.
Segundo o superintendente de Polícia Civil do Interior, delegado Jair de Lima Paiva, as prisões são fruto de um extenso trabalho de investigação. “No início do mês demos início às investigações. De forma conjunta com a PM de Caxias montamos a operação e conseguimos prendê-los. Vamos continuar combatendo o roubo de carros em todo o interior do estado”, afirmou.
Em poder do grupo foram apreendidos dois veículos, sendo um modelo VW Golf de cor preta e outro de cor branca. Os veículos, segundo a polícia, estavam com placas frias. Eles tinham sido roubados em Teresina.
Após serem presos, o grupo juntamente com os veículos apreendidos foram encaminhados para a Delegacia Regional do município e, posteriormente, recambiados pela equipe policial Greco (Grupo de Repressão ao Crime Organizado) da Polícia Civil de Teresina.
As informações são da Secom do governo do Estado.

Em tom cauteloso, procurador diz que avaliará documentos de Valério sobre Lula


MÁRCIO FALCÃO
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira (19) que recebeu documentos do empresário Marcos Valério que comprovariam seu depoimento envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mensalão.
Gurgel, no entanto, adotou um discurso cauteloso em relação a participação de petista no esquema, já que Valério promete "declarações bombásticas" que não se confirmam.
Entre o material repassado por Valério ao Ministério Público estão comprovantes de depósitos que teriam sido repassados a aliados para pagar despesas do petista.
O procurador, no entanto, evitou fazer considerações sobre a participação de Lula no esquema, colocando em dúvida as falas de Valério e garantindo que irá analisá-las em "profundidade" e "rapidamente".
Alan Marques/Folhapress
O procurador geral da República, Roberto Gurgel
O procurador geral da República, Roberto Gurgel
"Ele teria entregue dois comprovantes de depósitos. Isso tem que ser avaliado, assim como quem são os beneficiários desses depósitos, em que contexto isso foi feito. Tudo isso, enfim, tem que ser aprofundado para que a atuação do Ministério Público seja responsável e com objetivo de tudo apurar", disse.
"Com muita frequência, Marcos Valério faz referência a declarações que ele considera bombásticas, etc, e quando nós vamos examinar em profundidade não é bem isso. Mas vamos ver o que existe no depoimento que possa motivar futuras investigações. Como sempre, nada deixará de ser investigado", completou.
Gurgel disse que uma eventual investigação do ex-presidente será feita por procuradores que atuam na primeira instância da Justiça. "Quanto especificamente ao presidente Lula, eventual investigação já não compete ao procurador-geral da república já que o ex-presidente já não detém prerrogativa de foro. Então se estiver algo relacionado ao ex-presidente isso será encaminhado à Procuradoria da República de primeiro grau", disse.
Gurgel negou que Valério tenha dado um segundo depoimento após envolver o ex-presidente Lula nas denúncias. "Não é verdade. Não houve isso. Não houve nenhum depoimento a não ser aquele que ocorreu em setembro", disse.
"Desde o início da ação penal 470 [mensalão], a conduta de Marcos Valério foi de afirmar esse interesse, mas não concretizar esse interesse com declarações efetivamente importantes para o Ministério Público. Temos agora esse depoimento prestado em setembro e ele será avaliado. Enfim, se tiver outras iniciativas nesse sentido, o Ministério Público está aberto, mas é preciso que haja consistência no que for alegado", afirmou.
E completou: "o Ministério Público não pode ser instrumento de qualquer coisa que não seja adequada.
Segundo o procurador-geral, a defesa de Valério informou que ele não precisa de proteção. "Claro que esse é um aspecto que nós não podemos descuidar e temos que assegurar que ele tenha toda a proteção que seja necessária. Mas a última informação era nesse sentido, de que não havia necessidade de nada nesse sentido".
No julgamento do mensalão, Valério foi condenado a mais de 40 anos pelos crimes cometidos no esquema. Considerado operador do mensalão, após a condenação, Valério procurou o Ministério Público Federal querendo prestar colaborações. A medida foi interpretada como uma medida para forçar que ele entre no programa de proteção a testemunhas para não cumprir a pena.

PF se prepara para prender condenados do mensalão


FERNANDO MELLO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
Equipes da Polícia Federal estão a postos para cumprir a ordem de prisão dos condenados no mensalão, diante da possibilidade de o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, acatar o pedido da Procuradoria-Geral da República em executar a pena imediatamente.
Folha apurou que agentes do setor de inteligência da PF já estão mapeando a localização dos réus.
A medida é necessária porque muitos podem estar viajando. Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, por exemplo, estaria em uma praia no Nordeste, segundo pessoas próximas. Também houve determinação para que equipes de plantão em São Paulo, Brasília e Rio fossem reforçadas caso a ordem seja dada.
A expectativa na PF é de que a maioria se entregue espontaneamente. Entre petistas, contudo, há comentários de que os condenados filiados ao partido possam querer ser fotografados sendo presos antes do Natal para propagandear o que consideram ser uma injustiça.
Condenado como chefe da quadrilha do mensalão, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu se reuniria com sua equipe ontem à noite.
Delegados ouvidos pela Folha ontem demonstraram preocupação com a possibilidade não negada pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), de abrigar réus na Casa.
O setor operacional da PF afirma que ordem judicial se cumpre e que se houver determinação neste sentido terá que entrar no Congresso.
Como no caso de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da presidência da República, a preocupação é deixar tudo esquematizado para evitar qualquer problema. No caso de Rosemary, a PF fez um reconhecimento no gabinete da Presidência antes da busca e apreensão.
Os momentos pré-prisão são sempre tensos. Normalmente, os agentes seguem os alvos dias antes para saber onde estão.
Recentemente, a PF perdeu um alvo que estava sendo monitorado pela possibilidade de a prisão ser decretada. Geovani Pereira, contador da quadrilha de Carlos Cachoeira, driblou os investigadores horas antes do estouro da operação Monte Carlo.

Procuradoria tem obrigação de investigar depoimento de Valério, diz Barbosa


FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Ao tratar sobre o novo depoimento do empresário Marcos Valério, no qual afirma haver provas do envolvimento do ex-presidente Lula no mensalão, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, reiterou que o caso deve ser investigado. Para ele, o Ministério Público tem obrigação de fazer isso.
"Não acho que o Ministério Público poderia investigar. Eu acho que o Ministério Público deve investigar. Porque é o seu dever. Ministério Público, em matéria penal no Brasil, não goza da prerrogativa de escolher quais os casos que vai levar adiante", argumentou o ministro. "O Ministério Público é regido pelo princípio da obrigatoriedade. Ele tem o dever de fazê-lo. Não pode fazer um sopesamento político das suas ações. Cumpre-lhe agir", completou.
Lula Marques/Folhapress
Presidente do Supremo, Joaquim Barbosa
Presidente do Supremo, Joaquim Barbosa
Para Barbosa, no entanto, o caso não tem mais repercussão no processo do mensalão julgado pelo Supremo, mas pode gerar novos inquéritos. "A ação penal 470 está encerrada. Nela só cabem eventuais tentativas de recursos. Quanto ao depoimento, naturalmente, cabe ao Ministério Público analisar se vai pedir abertura de um inquérito, não é?"
Ao falar ontem sobre o depoimento, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que recebeu documentos de Valério que comprovariam seu depoimento envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mensalão.
Gurgel, no entanto, adotou um discurso cauteloso em relação a participação de petista no esquema, já que Valério promete "declarações bombásticas" que não se confirmam.
O procurador, no entanto, evitou fazer considerações sobre a participação de Lula no esquema, colocando em dúvida as falas de Valério e garantindo que irá analisá-las em "profundidade" e "rapidamente".
"Ele teria entregue dois comprovantes de depósitos. Isso tem que ser avaliado, assim como quem são os beneficiários desses depósitos, em que contexto isso foi feito. Tudo isso, enfim, tem que ser aprofundado para que a atuação do Ministério Público seja responsável e com objetivo de tudo apurar", disse ontem Gurgel.

O mundo não acaba hoje


Entenda o que a ciência diz a respeito das previsões apocalípticas marcadas para 21 de dezembro


O mundo não vai acabar. Não nesta sexta-feira (21), de forma abrupta e nem tão cedo. Pelo menos, é o que astrônomos, físicos e antropólogos especializados na cultura maia afirmam sem titubear. O suposto término do calendário maia em 21 de dezembro de 2012 causou alvoroço em relação ao fim do mundo . Mas nada disso aconteceu e resta agora aos mais crédulos, depois de tanta desculpa para enlouquecer ou comer de tudo nestes “últimos dias”, entender por que ele não acabou.
Antropólogos explicam que o fim do calendário significaria apenas o fim de uma contagem ou o surgimento de uma nova era e que a previsão de fim de mundo seria um erro de interpretação . De maneira simplista, a data representaria mais ou menos a mesma coisa que o dia 31 de dezembro. Para os maias, cada era conta com 5.125 anos, quando uma acaba, começa outra, sem nenhum tipo de desastre natural ou fim da civilização.
O fim do calendário maia resultou em teorias apocalípticas. Na imagem, pedra do calendário Maia encontrada em Yucatán . Foto: Getty Images
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Uma grande preocupação sobre as interpretações de símbolos maias  seria que justamente no dia 21 de dezembro ocorreria um estranho alinhamento dos planetas. Porém, de acordo com a Nasa, não ocorrerá nenhum alinhamentos planetários nas próximas décadas e mesmo que estes alinhamentos ocorressem seus efeitos sobre a Terra seriam quase imperceptíveis. Alinhamentos ocorreram em 1962, 1982 e 2000 e absolutamente nada aconteceu.
Inversão dos polos Outra possibilidade seria a inversão dos polos magnéticos e da rotação do planeta nesta mesma data. Os pregadores do “fim do mundo” relacionam a rotação da Terra com a polaridade magnética da Terra, que muda com alguma frequência, a cada 400 mil anos. No entanto, a Nasa já afirmou que uma inversão na rotação da Terra é impossível.
Jessica Creveling, da divisão de Ciências Geológicas e Planetárias do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA) que estuda o tema, afirma que as consequências sobre a alteração do campo rotacional da Terra incluem mudanças na latitude de todos os continentes, que resultaria em mudanças no sistema climático. “Mas é muito importante ressaltar que isto ocorre em processo muito, mas muito lento, que dura milhares de anos. Portanto não devemos antever mudanças catastróficas e imediatas na Terra”, disse ao iG .
A cientista critica o frenesi que a data tem gerado na sociedade contemporânea. “Há senso científico ao afirmar que o polo magnético se inverte ao longo do tempo, há muitas provas sobre isso. Mas quero ser bem clara que não existe sentido nenhum em prever que esta inversão vai ocorrer em um dia específico. Isto está além das capacidades da ciência e simplesmente é falso”, disse ao iG . 

Ataques do espaço Outra teoria para o fim do mundo seria o ataque de asteroides em rota de colisão com a Terra. Vale ressaltar que a Terra sempre esteve sob risco de ataque de meteoros. No entanto, grandes meteoros e ainda por cima vindo em direção à Terra são raríssimos. O último que se tem notícia, e mesmo assim não completamente confirmado , seria o que teria caído na Terra há 65 milhões de anos e causado a extinção dos dinossauros. “Astrônomos estão ao redor do mundo rastreando o que acontece no céu e há especialmente um programa da Nasa que procura pequenos asteroides que se aproximam da Terra”, disse David Morrison, astrobiólogo do Instituto SETI em um chat do periódico científico Science. E todos os vários telescópios e agências espaciais que monitora a trajetória de asteroides e meteoros afirmam: há  nenhuma colisão prevista para hoje.

Outro temor seria a colisão de um planeta, conhecido como Nibiru ou Planeta X, com a Terra. A Nasa afirma que não há base científica nestas histórias. “Não há provas sobre a existência do Planeta X, mesmo assim, se ele estivesse se aproximando, seria visível a olho nu”, disse Bill Hudson, astrônomo amador durante o mesmo chat da Science. 
Mais uma previsão apocalíptica seria o fim do mundo como resultado de tempestades solares . Sim, elas existem e com uma certa regularidade. Para ser mais exato em ciclos de 11 anos, quando o Sol está em seu pico de atividade, solta labaredas que viajam pelo espaço. Se elas chegarem até a Terra são dispersadas pelo campo magnético. Como resultados destas tempestades solares estão a intensificação das auroras nos polos, e alguns problemas redes elétricas e sistemas de comunicação e voos interpolares. 

Realmente, estamos passando por um período de maior atividade solar, mas os cientistas monitoram bem de perto toda a atividade do Sol, descobrindo com precisão e com dois ou três dias de antecedência quando essas descargas magnéticas chegam a nosso planeta. 
As explosões solares também nem chegam a alterar o clima da Terra. De acordo com Petrus Martens, do departamento de Física da Universidade de Montana, a energia liberada pelo Sol varia apenas 0,1%, o que faz o Sol muito estável neste sentido. “Fazendo um cálculo rápido, isto alteraria a temperatura global em apenas 0,075 ºC, quase nada”, disse ao iG .
Apenas daqui a cinco bilhões de anos "A ideia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda", disse à AFP o cientista da Nasa David Morrison. "A Terra existe há mais de quatro bilhões de anos e se passarão muitos anos antes do Sol tornar nosso planeta inabitável", insistiu o cientista, que criticou as "ridículas" versões que preveem o fim do mundo nesta sexta-feira.
Morrison se refere à expansão do Sol, quando ele se transformar em uma estrela gigante vermelha. Seu calor provocará a evaporação dos oceanos e o desaparecimento da atmosfera terrestre. Depois disso, a estrela deve se resfriar até se apagar e morrer. O prazo para  isso acontecer? No mínimo, daqui a cinco bilhões de anos. 

Como fica a disputa sobre royalties após impasse no Congresso


Entenda o que está sendo discutido sobre a nova lei de distribuição dos royalties do petróleo


BBC
Em meio a um confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso decidiu adiar para o ano que vem a votação dos vetos parciais da presidenta Dilma Rousseff à nova lei dos royalties. De quebra, acabou postergando também a aprovação do Orçamento. Na quarta-feira, os parlamentares previam apreciar mais de 3 mil vetos presidenciais , como reação a uma decisão do ministro do STF Luiz Fux tomada dois dias antes. A votação maciça e sem precedentes, entretanto, não foi para frente. Entenda a polêmica sobre a lei dos royalties e o futuro da exploração do chamado 'ouro negro' no Brasil.
1. Por que o Congresso queria fazer um mutirão de votação dos vetos presidenciais?
Os parlamentares pretendiam votar na última terça-feira os vetos da presidenta Dilma Rousseff à lei dos royalties. A votação, entretanto, acabou adiada devido a uma decisão do ministro do STF Luiz Fux , no dia anterior. O magistrado determinou, em caráter liminar, que a votação sobre os 140 vetos referentes à redistribuição dos recursos do petróleo só poderia ocorrer depois da apreciação, em ordem cronológica, de todos os vetos presidenciais ainda não analisados, referentes a leis anteriores, que juntos somavam quase 3 mil. A medida de Fux também previa que os vetos deveriam ser analisados por uma comissão especial e votados no período de 30 dias após sua edição. O Congresso criou, então, uma comissão mista - formada por cinco deputados e cinco senadores - especialmente voltada para analisar o veto dos royalties do petróleo. E para concretizar seu objetivo - de votar os vetos de Dilma à lei dos royalties - os parlamentares fizeram uma manobra política e se organizaram para votar todos os cerca de 3 mil vetos presidenciais em um único dia. A votação estava prevista para a última quarta-feira, às 12h, mas não ocorreu.
2. Como seria possível votar tantos vetos em tão pouco tempo?
Segundo as regras do Congresso, a votação teria de ser nominal, em cédula de papel. Nela, cada parlamentar teria de se pronunciar a favor ou contra cada um dos 3.025 itens da pauta. Como seria praticamente impossível analisar cada veto em um prazo tão exíguo, havia um consenso entre boa parte dos parlamentares para se votar a favor dos vetos antigos, deixando-os em branco, e contra aqueles relacionados à redistribuição dos recursos do petróleo.
3. Por que a lei dos royalties é tão polêmica?
Da forma como saiu aprovada do Senado, a lei dos royalties irritou municípios e Estados não-produtores. Isso porque a lei prevê redividir não só recursos de contratos futuros, ou seja, de blocos que ainda serão licitados, como altera também os de antigos. O royalty é um valor pago por uma pessoa ou empresa que detém o direito exclusivo sobre determinado produto ou serviço. No caso do setor de petróleo, trata-se de um valor cobrado da concessionária que explora os campos, baseado em sua produção. O montante é pago à União, que repassa parte dos recursos a Estados e municípios segundo proporções estabelecidas na legislação. Até a aprovação da nova divisão dos royalties pelo Congresso, em novembro deste ano, os municípios e Estados produtores recebiam a maior parcela dos royalties e participações especiais (tributo pago pelas empresas pela exploração de grandes campos de petróleo). A presidente Dilma, no entanto, decidiu vetar alguns artigos da nova lei, entre os quais, a redivisão dos royalties para contratos já vigentes. Ela também determinou aos beneficiários desses recursos que invistam 100% da renda obtida a partir deles em educação. O Congresso revidou e decidiu votar, em caráter de urgência, os vetos da presidenta.
4. O que prevê a nova lei dos royalties?
O texto-base do projeto, oriundo do Senado, redistribuiu os recursos provenientes da exploração do petróleo entre União, Estados e municípios de forma escalonada até 2020, diminuindo a parcela direcionada aos produtores e, em contrapartida, aumentando o repasse aos não-produtores. Até a aprovação da nova lei, os royalties eram divididos na seguinte proporção: 30% para a União, 26,25% para Estados e municípios produtores, 8,75% para municípios afetados, 7% para Estados não produtores e 1,75% para municípios não produtores. Em 2020, segundo o que foi aprovado pelo Congresso, os repasses serão: 20% para a União, 20% para Estados produtores, 4% para municípios produtores, 2% para municípios afetados, 27% para Estados produtores e 27% para municípios não produtores.
5. Por que há tanto interesse na lei dos royalties?
O interesse está no montante arrecadado com os recursos provenientes da matéria-prima, que tendem a se multiplicar nos próximos anos, sobretudo com a exploração do pré-sal, considerado a nova fronteira energética do Brasil. No ano passado, por exemplo, os royalties somaram R$ 25,6 bilhões. A maior parte desse montante é direcionado atualmente ao Rio de Janeiro, que responde por mais de 80% da exploração do petróleo nacional. Com a nova lei, segundo cálculos do governo fluminense, o Estado pode perder até R$ 77 bilhões, o que colocaria em xeque, diz o governo, a viabilidade de projetos esportivos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada.
6. De onde que surgiu a vontade de mudar essa lei?
A partir de 2007, quando o Brasil anunciou a descoberta de grandes reservas do chamado "pré-sal", o governo Lula passou a defender novas regras para a exploração de petróleo no país. Em agosto de 2009, o presidente Lula apresentou quatro projetos para mudanças no setor, sendo um deles na redistribuição dos royalties. Na ocasião, o então presidente também propôs a mudança do modelo de exploração do pré-sal, de concessão (quando o governo faz um leilão e ganha o consórcio que der o maior lance) para o de partilha (por meio do qual a Petrobras é operadora única e possui uma fatia de 30% de todos os blocos). Inicialmente, Lula era favorável à redistribuição igualitária dos recursos do petróleo, mas voltou atrás diante da pressão dos Estados produtores. Só que os deputados dos Estados não produtores não aceitaram o recuo e aprovaram uma emenda que redividia os dividendos do pré-sal para todos os Estados da federação. Posteriormente, o deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) incluiu áreas já licitadas na redistribuição dos recursos do petróleo.
7. O que é o pré-sal?
Trata-se da camada de rocha que contém petróleo e que está localizada abaixo de uma espessa camada de sal, a até 7 mil metros de profundidade e distante de 300 km a 400 km do continente. A Petrobras estima que no pré-sal brasileiro haja reservas em torno de 70 bilhões a 100 bilhões de barris de petróleo.
8. O pré-sal já começou a ser explorado?
A exploração do pré-sal só começou em blocos já licitados (27% do total) - onde também há exploração de pós-sal e sob o regime antigo, de concessão. Segundo a Petrobras, o pré-sal já equivale à 10% da produção nacional, ou, aproximadamente, 200 mil barris diários. A companhia diz que entre janeiro de 2011 e novembro deste ano, a produção nesses dois locais cresceu 148%. "No entanto, aquele pré-sal anunciado com pompa por Lula - que levaria o Brasil a um novo patamar energético e estruturado sob um novo modelo de produção, o da partilha - ainda não deslanchou. Isso se deve, entre outros fatores, aos atrasos nos leilões", disse à BBC Brasil Jean Paul Prates, diretor do Centro de Estrategias em Recursos Naturais e Energia (Cerne). O governo espera fazer os leilões do pré-sal já sob o novo marco regulatório em novembro do ano que vem. Antes, no entanto, prevê realizar, em maio de 2013, a 11ª rodada de leilões, relativa a áreas de exploração de petróleo fora do pré-sal, ainda pelo modelo antigo, o de concessão. O objetivo da Petrobras é chegar em 2017 produzindo 1 milhão de barris de petróleo provenientes do pré-sal.
9. O que é preciso fazer para que a exploração do pré-sal deslanche?
Segundo especialistas, há inúmeros fatores que, atualmente, atravacam o crescimento do setor de petróleo no Brasil, especialmente a exploração do pré-sal. Aliado ao impasse na votação da lei dos royalties, o primeiro é o atraso nos leilões. Sem novos campos licitados, não há produção, o que coloca em xeque, por exemplo, a autossuficiência brasileira. Recentemente, um estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) apontou que a queda na produção aliada ao consumo de derivados de petróleo (incluindo a importação de gasolina pela Petrobras) pode levar a perda da autossuficiência já em 2013. "Do jeito que está, dificilmente a Petrobras conseguirá cumprir a meta de que o pré-sal responda por 47% de sua produção em 2020", afirmou à BBC Brasil Adriano Pires, sócio-diretor do CBIE e responsável pela pesquisa. Para David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), também são limitadores "a política de conteúdo local, a falta de mão de obra qualificada e a própria dificuldade logística da exploração". Na avaliação de Prates, do Cerne, um outro erro está no próprio modelo de exploração escolhido para o pré-sal. "O novo modelo, de partilha, é arcaico e, em sua essência, não prevê royalties. Ou seja, o Brasil inventou um sistema 'frankenstein', muito mais complexo do o atual."
10. A Petrobras conseguirá explorar o pré-sal?
A Petrobras detém hoje tecnologia de última geração para exploração em águas profundas. Porém, na opinião de especialistas, seu grande dilema é de onde arranjará dinheiro para explorar o pré-sal, que demandará vultosos investimentos. "No novo modelo de produção, a Petrobras é operadora única, estando presente em 30% dos poços. Isso representa um fardo muito grande, especialmente em um momento em que sua dívida está mais alta", disse à BBC Brasil Armando Guedes Coelho, ex-presidente da Petrobras. "Para se ter uma ideia, um único poço do pré-sal custa em torno de US$ 1 bilhão (R$ 2,1 bilhão) para ser perfurado", acrescentou Coelho. De 2012 a 2016, a Petrobras planeja investimentos da ordem de US$ 236,5 bilhões (R$ 416,5 bilhões). Segundo Pires, do CBIE, como agravante, "a Petrobras tem subsidiado o preço dos combustíveis no mercado interno, comprando no exterior a preços de mercado e vendendo aqui mais barato". Um cálculo feito por ele à pedido da BBC Brasil indica que de janeiro a outubro deste ano, a estatal teve uma perda estimada em R$ 3,9 bilhões, devido ao dispêndio da importação superior à receita obtida com a gasolina e com o óleo diesel. No mesmo período, a Petrobras acumulou um "custo de oportunidade" pela venda de diesel e gasolina a preços defasados em relação ao internacional de R$ 16,7 bilhões.

Presidente do STF dependerá de 'arranjo jurídico' para mandar prender deputados


Principal questão está relacionada ao foro privilegiado, uma vez que eles ainda exercem mandato; plenário do STF determina que suspensão ocorra apenas após trânsito em julgado


Wilson Lima - iG Brasília
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, precisará de um verdadeiro “arranjo jurídico”, segundo juristas ouvidos pelo iG , para decretar as prisões dos deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT). No caso da decretação da prisão imediata de outros condenados no julgamento do mensalão – como José Dirceu, José Genoino ou Delúbio Soares – o próprio Joaquim Barbosa afirma que se trata de uma situação inédita, pois nunca o STF teve que decidir sobre o pedido de uma pena formulado pelo próprio Tribunal. A decisão sobre a prisão imediata dos réus do mensalão sai nesta sexta-feira até as 18h.
Para determinar a prisão dos três deputados federais com mandato em curso, entretanto, Barbosa teria que se sobrepor à decisão o colegiado e até mesmo à Constituição. A legislação proíbe a prisão de parlamentares ainda com mandato em curso. Além disso, para que fosse executada a prisão, os deputados federais deveriam perder a condição de foro privilegiado. Além disso, qualquer prisão iria de encontro a uma tradição do Supremo, de respeitar o trânsito em julgado de qualquer processo que tramita na Corte.
Agência Brasil
Joaquim Barbosa, presidente do STF, disse a jornalistas que divulgará decisão sobre prisões na sexta
Na coletiva de imprensa de hoje, Barbosa admitiu que a execução de prisão dos deputados federais é um problema que deverá ser discutido apenas pelo próximo presidente da Câmara. O mandato de Marco Maia (PT-RS) termina no início de 2013. “Eu acredito que o deputado Marco Maia não será autoridade do Poder Legislativo que terá a incumbência de dar cumprimento à decisão do Supremo. O que ele diz hoje não terá nenhuma repercussão no momento de execução das penas decididas pelo plenário”, disse Barbosa.
“O voto que capitaneou a decisão do plenário diz muito claramente. Ficam suspensos os direitos políticos dos parlamentares condenados nesse processo. Em consequência dessa suspensão dos direitos políticos, eles perdem os mandatos. Eu não estou falando em cassação. Eles pedem os mandatos em consequência da suspensão dos direitos políticos’, sinalizou o presidente do STF “Após o trânsito e julgado, não há bizarrice, excrecência, eles são deputados enquanto o processo estiver em curso. Transitado em julgado eles deixarão de ser deputados, por força da sentença condenatória. Isso, se eventualmente ocorrer, será dirimido na própria decisão (pedido de prisão da PGR)”, complementou Barbosa.
No entanto, juristas ouvidos pelo iG apontam que não existem problemas relacionados à execução de prisão dos demais réus, como o publicitário Marcos Valério, o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu; o ex-presidente do PT José Genoíno ou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. AProcuradoria-Geral da República (PGR) não divulgou até o fechamento desta reportagem para quem determinou o pedido de prisão imediata.
Durante essa semana, esses réus ingressaram com petições no Supremo pedindo que toda a Corte se manifestasse a respeito do tem a. Mas a manifestação ocorrerá de forma monocrática, aproveitando-se o período de recesso do Judiciário. Os advogados dos réus classificaram a medida como manobra do presidente Joaquim Barbosa. Outros ministros, como Marco Aurélio Mello, também não concordam com a apreciação do pedido de forma monocrática porque isso feriria a jurisprudência do Supremo.
Apesar de ter sinalizado que no caso dos congressistas deverá respeitar o trânsito em julgado, Joaquim Barbosa disse que o Supremo tem decidido apenas sobre a execução de prisão imediata em casos sem trânsito em julgado vindos da Justiça de primeiro grau. Para expedições de mandado de prisão de julgamentos no Supremo, Barbosa classifica essa situação como “inédita”. “O Supremo quando decidiu naqueles casos, decidiu sobre casos em instâncias anteriores. É a primeira vez que o Supremo tem que se debruçar sobre o pedido de uma pena formulado por ele mesmo. Não temos jurisprudência. Temos uma situação nova”, sinalizou.
Na sua decisão, Joaquim Barbosa deve discutir eventuais reformulações de mérito do julgamento ocorrido no Supremo. Para o presidente do STF, não há mais nada o que se discutir sobre o mérito do que foi decidido. Nos bastidores, fala-se que a execução de uma prisão imediata evitaria postergar o início do cumprimento das sentenças do Supremo, o que ocorreria mediante a impetração de vários recursos. Oficialmente, os recursos somente podem ser impetrados no ano que vem, após a publicação do acórdão. O acórdão do mensalão deve ser publicado apenas em abril de 2013.