quarta-feira, 13 de março de 2013

OS DOIS PRINCIPAIS CINAIS QUE FORAM VISTOS POR MILHÕES DE FIÉIS NO VATICANO

LOGO EM SEGUIDA A FUMAÇA BRANCA ANUNCIA CHEGADA DO NOVA PAPA

PRIMEIRO A BOMBA PRANCA POUSA SOBRE A CHAMINER
Notícias Gospel Pomba que pousou no caixão de Dom Eugenio foi criada em cativeiro | Noticia Evangélica Gospel

Russo da vida real é preso por tráfico de mulheres maranhenses


Oito mulheres do interior do Maranhão foram descobertas praticando prostituição em uma boate de São Paulo. Lorisvaldo Pereira de Jesus, dono do estabelecimento, foi preso por tráfico de pessoas.
A área de prostituição ficava no segundo andar da boate, localizada no cruzamento da Avenida Pires do Rio com a Rua Antônio Cajano.
As oito mulheres, que afirmaram que não pretendem voltar ao Maranhão, contaram à polícia que sabiam que iriam se prostituir na capital paulista.
As investigações começaram depois de denúncias de uma das mulheres aliciadas, que conseguiu fugir e voltar para o Estado.
O homem preso, Lorisvaldo Pereira de Jeus, ficava com 40% do valor pago pelos programas em sua casa noturna.
(Com informações do Gazeta da Ilha)

A impunidade transpira



Por Aline Alencar
 com a notícia a seguir que este blog se mostra perplexo com a justiça brasileira: Segundo informações do portal R7, o juiz da 1ªVara do Júri de São Paulo, Alberto Anderson Filho, entendeu que o estudante Alex Siwek, de 21 anos, que atropelou o ciclista David Santos Souza, não deve responder por tentativa de homicídio, mas sim por lesão corporal.

O homicídio doloso pode render até 20 anos de prisão, já a lesão corporal de três meses a um ano. O caso aconteceu neste domingo (10) na avenida Paulista.
No acidente, Souza teve o braço direito decepado pelo carro do universitário, que fugiu sem prestar socorro e arremessou o membro cortado no córrego do Ipiranga, na zona sul de São Paulo.
Agora vejamos o seguinte: ser atropelado, ter seu braço decepado e jogado ao rio é apenas lesão?
Com esta o Brasil só confirma cada vez mais o sentimento nefasto de impunidade que nos deixa de mãos atadas. Nos faz lembrar também de casos ocorridos em São Luís com vítimas fatais provocadas também por jovens de classe média alta mimados e inconsequentes.
E nada acontece.
Casos ainda como do jornalista Décio Sá, que nem bem se iniciou o julgamento e já se deu por elucidado. Mas não é bem assim.
A impunidade transpira dos poros da justiça. E aqui ficamos extasiados apenas assistindo sem aplaudir.

Novo Papa é da Argentina


MUNDO

No cargo, ele sucede Bento 16, que renunciou no dia 11 de fevereiro, em uma atitude inédita em quase 600 anos.

Da Folha

O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, 76, arcebispo de Buenos Aires, é o primeiro papa latino-americano da história. É também a primeira vez que o cargo é entregue a um membro da Sociedade de Jesus.
Ele obteve ao menos 77 votos dos 155 cardeais de todo o mundo que participam desde terça-feira (12) do conclave, na Capela Sistina.
Conforme a tradição, o resultado foi anunciado por meio da emissão de uma fumaça artificialmente colorida de branco, pela chaminé da Capela Sistina. Nos dias anteriores, quando os escrutínios terminaram sem um consenso, a fumaça expelida era de coloração preta. O resultado foi confirmado pelo som dos sinos da Basílica de São Pedro.
No cargo, ele sucede Bento 16, que renunciou no dia 11 de fevereiro, em uma atitude inédita em quase 600 anos.
Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres. O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.

Francisco, o Papa que veio do Sul


 Sucessão do Papa Bento XVI

Com a escolha do argentino Jorge Mario Bergoglio para o cargo de líder da Igreja Católica, como Papa Francisco,  a Igreja Católica entra numa fase de sua história, marcada por uma intenção missionária e pela reafirmação do caminho já trilhado por João Paulo II e Bento XVI.
- Jesuíta no Vaticano
A escolha de um jesuíta simboliza uma opção pelo caráter missionário da Igreja. Se você pensa em Bento XVI, com a escolha do nome Bento, mostrava seu desejo de trabalhar na reconstrução das bases do catolicismo, estando centrado na Europa e com foco na relação entre fé e cultura.
Escolher um papa jesuíta, e argentino, é o paradigma do processo de evangelização do novo mundo. A Companhia de Jesus construiu o catolicismo na América Latina com seu trabalho missionário. A escolha desse Papa tem um cunho simbólico de uma Igreja que agora vai para o mundo com um grande apelo missionário.
- O nome Francisco
A escolha do nome pode ter relação com dois grandes santos da Igreja: São Francisco de Assis, considerado o santo dos pobres, e São Francisco Xavier, um grande missionário que evangelizou o oriente.. Bergolio, no conjunto de seu episcopado na Argentina, foi um cardeal reconhecido por ter um grande trabalho social junto às favelas de Buenos Aires. É um papa com trabalho social, apontando para valorização da ação social da Igreja.
- A idade
Significa claramente que os cardeais gostaram da experiência de ter um Papa mais idoso à frente da Igreja (Bento XVI foi eleito com 78 anos em 2005). Isso sinaliza um papado curto. No entanto, não significa que é um Papa de transição. Temos que acabar com essa ideia de Papas de transição. Ele pode ter um pontificado curto, mas com uma missão específica, dando continuidade aos trabalhos daqueles que o precederam e abrindo caminho aos pontífices que vão sucedê-lo.
- Atenção à América Latina
Apesar da Igreja sempre ter sido uma organização internacional aberta para todo o mundo, a escolha de um líder vindo da América Latina mostra que ela entra definitivamente no contexto da sociedade globalizada. Isto é, onde os líderes podem estar em qualquer lugar, inclusive nos países considerados de 3º mundo.

O desenvolvimento do conclave

qua, 13/03/13
por Edson Luiz Sampel |
O conclave congrega os cardeais num clima de profunda oração. Não se trata de um encontro político, no qual se discute quem pode ser o melhor Papa. A propósito, sabemos que, à luz da fé, o sucessor de são Pedro é escolhido pelo Espírito Santo, sendo os purpurados meros instrumentos.
O direito canônico, especificamente a constituição apostólica Universi Dominici Gregis, fornece as diretivas do desenvolvimento do conclave. Há lugar para o escrutínio e para a oração. É óbvio que os cardeais não são obrigados a ficar mudos o tempo todo. Permite-se a conversa. Entretanto, nos colóquios não há de transparecer a intenção de voto de ninguém. O voto é secreto.
Quer na Capela Sistina, onde se realiza propriamente a votação, quer na Casa Santa Marta, onde se hospedam, os cardeais podem e devem debater questões acerca dos rumos da Igreja, dos problemas maiores que a afligem, das soluções plausíveis etc.
Todo cardeal participante do conclave tem a perfeita clareza de que a eleição do Papa constitui, antes de tudo, um ato religioso. Desta feita, compreende-se o porquê do sigilo e da gravíssima pena de excomunhão para um eventual infrator desta regra.
No silêncio e na oração, entremeados por colóquios módicos, os cardeais obtêm a paz de consciência imprescindível para eleger o Papa. Esperamos que isto ocorra o mais breve possível.

Por que um brasileiro está na lista de favoritos para ser Papa?

ter, 12/03/13
por Domingo Zamagna |
Um dos candidatos apontados entre os principais “papáveis” deste conclave é o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer. É a primeira vez que um brasileiro é tão falado e apontado em uma eleição para líder da Igreja Católica. Mas podemos citar algumas razões para isso.
1 – Experiência pastoral
Dom Odilo é bispo de diocese, diferentemente de outros candidatos, como o cardeal italiano Gianfranco Ravasi (apontado como um dos papáveis). Ravasi nunca teve uma atividade pastoral significativa. pois sempre foi professor. É como se fosse um general que nunca comandou uma tropa.
Já Dom Odilo foi padre no interior do Brasil, depois se tornou professor e formador em grandes cidades, como Curitiba e Londrina. Foi ainda bispo auxiliar de São Paulo e, por fim, arcebispo de São Paulo. Tem um currículo pastoral grande, tanto nas áreas rurais, quanto nas áreas urbanas. Tem um perfil diferenciado dos demais cardeais.
2 – Formação humanística
Tem uma formação sólida não somente em pedagogia, mas em filosofia e teologia. Defendeu uma tese de doutorado brilhante na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, sobre o tema cristologia. Isso dá a ele um porte significativo, um laço cultural e intelectual muito fortes.
3 – Homem forte da CNBB
Foi secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a segunda maior conferência episcopal do mundo (atrás apenas da Itália). Com seu trabalho, projetou seu nome junto à nunciatura (representante do Vaticano no Brasil) e também se tornou conhecido em muitas dioceses pelo mundo. Como secretário, foi responsável pela articulação da CNBB. Atuou como se fosse o “primeiro-ministro” do organismo.
4 – Fluente em seis idiomas
Dom Odilo domina o português, espanhol, alemão, italiano, francês e inglês. Isso dá a ele uma maior facilidade de comunicação, uma abordagem direta  muito grande com interlocutores, facilitando o diálogo dele com as várias partes do mundo.
5 – Trabalho na Cúria Romana
Conhece as engrenagens do Vaticano, pois trabalhou sete anos junto à Congregação dos Bispos, considerada uma dos mais importantes dicastérios e tem laços com os demais ministérios da Igreja, como a Secretaria de Estado. Tinha um trânsito bom na Santa Sé, conhece grande parte dos oficiais que trabalham lá.
6 – Perfil conservador
É uma pessoa que não é dada a excessos, extremamente prudente. Mas não significa que seja um reacionário. É alguém que quer a renovação, mas não é um vanguardista. Não vai abrir mão das convicções da Igreja, como ser contrária ao casamento homossexual e ser favorável à manutenção da família.  Dom Odilo admite a renovação da Cúria, das pastorais, dos procedimentos da Igreja, mas quer que isso seja feito de modo controlado, no seu devido tempo.
7 – Homem jovem
Aos 64 anos, é alguém com um bom pique para o trabalho. Muito organizado, metódico e eficiente no que faz e nas missões que a igreja confia a ele. Onde põe a mão, geralmente dá certo.
8 – Origem europeia
Vem de uma família religiosa, de origem alemã, unida e numerosa. A Igreja vê com bons olhos este fato. É um europeu transplantado ou seja, um latino-americano que não está ligado a movimentos sociais de vanguarda, à teologia da libertação e não tem um descuido com a doutrina. Isso faz com que ele receba muitos votos de europeus. As pessoas têm medo de um cardeal que tenha muito contato com partidos populistas ou sindicatos. É uma tarefa que não é para bispos, mas para leigos
9 – Entendimento da América Latina, África e Ásia
Estuda os problemas da Igreja nesses continentes e pode ser um porta-voz dessas regiões até então marginalizadas na Cúria Romana. É um grande conhecedor da Amazônia, das tribos indígenas. Isso é novidade na Cúria, já que não sabem nem que há pobreza no mundo. Dom Odilo circula nesse ambiente
10 – Vem do maior país católico do mundo
O fato dele vir do Brasil pode significar uma maior criatividade e inventividade na Igreja. Está faltando criatividade no Vaticano para pastoral, para o diálogo, para renovação. A Cúria Romana precisa de um bispo de fora, que traga fantasia para ampliar a vida missionária da Igreja e abrir novas perspectivas. A Europa já demonstrou cansaço para isso.
11 – Tem “torcida”
Há pessoas no Brasil e fora dele que torcem em favor de Dom Odilo para que ele seja eleito Papa. Jogar sem torcida é um desastre. A política em favor dele é pode dar um bom resultado. Um dos maiores articuladores de Dom Odilo é o cardeal Dom Geraldo Majella (arcebispo emérito de Salvador). É um “mineirinho” que sabe fazer política, mesmo aparentando inocência.
(A BBC Brasil fez uma lista com pontos a favor e contra a eleição do brasileiro. Pontos a favor: idade e vigor; bom conhecimento da Cúria; nome ‘limpo’ de escândalos; sintonia com novas formas de comunicação; candidato da América Latina. Pontos contra: pouco conhecido dos cardeais; candidato da América Latina; centrismo e falta de arrojo; candidato dos antirreformistas; falta de carisma. Clique aqui para ler mais).

O juramento dos que ajudarão os cardeais no conclave

seg, 11/03/13
por Monsenhor Sérgio Costa Couto |
Antes de deixar a liderança da Igreja Católica, o Papa Bento XVI realizou alterações na Constituição Apostólica em um documento chamado Motu Proprio. Entre as alterações, feitas para que fossem aplicadas no próximo conclave, está o reforço do juramento dos que ajudarão no conclave, dando suporte aos cardeais eleitores.
As regras foram alteradas, entre outras razões, no sentido de mostrar seriedade no trabalho desenvolvido por aqueles que ajudam os cardeais no conclave. Assim, o nº 48 da citada Constituição recebe nova e mais forte redação:  ”As pessoas apontadas nos números 46 e 55 (2º parágrafo) da presente Constituição, devidamente advertidas sobre o significado e a extensão do juramento a prestar, antes do início das operações para a eleição, perante o cardeal camerlengo ou outro cardeal por ele delegado, na presença de dois protonotários apostólicos de número participantes, deverão no tempo devido pronunciar e assinar o juramento segundo a fórmula seguinte:
“Eu, nome da pessoa, prometo e juro observar o segredo absoluto com toda a pessoa que não fizer parte do Colégio dos Cardeais eleitores, e isto perpetuamente, a não ser que receba especial faculdade dada expressamente pelo novo Pontífice eleito ou pelos seus sucessores, acerca de tudo aquilo que concerne direta ou indiretamente às votações e aos escrutínios para a eleição do Sumo Pontífice. 
De igual modo, prometo e juro de me abster de fazer uso de qualquer instrumento de gravação, de audição, ou de visão daquilo que, durante o período da eleição, se realizar dentro dos confins da Cidade do Vaticano, e particularmente de quanto, direta ou indiretamente, tiver a ver, de qualquer modo, com as operações ligadas à própria eleição. Declaro proferir este juramento, consciente de que uma infração ao mesmo comportará para a minha pessoa a pena da excomunhão latæ sententiæ reservada à Sé Apostólica. Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos, que toco com a minha mão”.
“As pessoas apontadas nos números 46 e 55” nestes artigos vão desde o Secretário do conclave – atualmente Dom Lorenzo Baldisseri, ex Núncio Apostólico no Brasil –, até o pessoal da cozinha, da segurança, médicos, sacerdotes que estão a disposição para as confissões não só dos cardeais, mas de todos, pois o conclave é sempre uma reunião eminentemente espiritual, onde se mesclam as providências humanas ditadas pela experiência.
Penalidade para quem descumprirMas o que, especificamente neste nº 48, mudou com o ajuste de Bento XVI com relação ao texto de João Paulo II de 1996? A penalidade imposta.
O texto anterior previa “Declaro proferir este juramento, consciente de que uma infração ao mesmo comportará para a minha pessoa aquelas sanções espirituais e canônicas que o futuro Sumo Pontífice (cf. cân. 1399 do Código de Direito Canônico), julgar dever adotar”. 
Ou seja, dependia de uma ação positiva do novo papa que já começaria com uma desagradável missão. Hoje, dá-se a excomunhão automática, sem que nenhuma autoridade eclesiástica tenha que proferir um juízo. A própria pessoa, se violou o juramento conscientemente – e isso é importante! –, está excomungada.
Mas o que significa isto? O significado da palavra é simples: fora da comunhão [da Igreja].  Não é nenhum tipo de maldição, como se a pessoa estivesse condenada ao inferno ou algo assim; é uma pena medicinal, para que o infrator possa perceber a gravidade do que fez. Para ter uma excomunhão reservada à Sé Apostólica retirada, e assim poder receber a absolvição de qualquer sacerdote, deve o que se perceber excomungado dirigir o pedido a Penitenciaria Apostólica que lhe dará os conselhos oportunos. Se a situação for pública, normalmente assim será tratado, se poucas pessoas o souberam, e a situação não se constitui algo que a justiça exija pública penitência e reparação, se fará de maneira discreta.
Pode-se perguntar: não se poderia agir criminalmente contra aqueles que traem a confiança, processando nas esferas penal e civil? É, em algumas situações isto pode ser oportuno, pode exigir o bem comum. Mas, lembrem-se se a Igreja é uma sociedade diversa, onde, sobretudo, não cabe a vingança e devemos evitar mesmo a aparência da mesma. Repito: em algumas situações, em algumas sociedades, medidas judiciais podem se tornar indispensáveis, mas existe uma preferência por penalidades espirituais que possam, assim o cremos, recuperar alguém que se desviou. “Não quero a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 33,11).

A expectativa para o conclave

sex, 08/03/13
por Frei Evaldo Xavier Gomes |
Com o anúncio da realização do conclave na próxima terça-feira (12), a Igreja de todo o mundo sente mais próximo o momento da escolha do novo Papa, sobretudo os cardeais eleitores.
Nada muda até o início do conclave. Tudo permanece como é, ou seja, está mantido o período de Sé Vacante. A única alteração existente não é de ordem jurídica, nem de ordem administrativa, mas sim no sentimento nos corações, devido à expectativa pelo momento que se aproxima.
Certamente, ao longo desses dias, cada um dos cardeais eleitores irá refletir mais profundamente sobre o nome em que vai votar.
Serão dias de intensa espera e de preparação humana. Isto significa obter um maior conhecimento das qualidades, da história pessoal e das virtudes de cada um dos membros do conclave.  Ao mesmo tempo, é também o momento de preparação espiritual.
Não podemos esquecer que a Igreja é uma instituição religiosa e a eleição de um Papa é a eleição de um líder religioso, e não de um líder político. Sendo isso, os eleitores devem ter diante dos olhos os valores da religião e devem se tornar, mais do que nunca agora, pessoas de oração.
No que diz respeito à população em geral, não há dúvida que a partir de terça-feira todo o mundo católico (e não católico), permanecerá com a respiração em suspenso. Todos na expectativa de saber qual nome será anunciado pelo cardeal-diácono no balcão da Basílica de São Pedro após o término do conclave.
O sigilo impede que acompanhemos as votações, os debates e tudo aquilo que diz respeito à eleição. Tudo isso faz com que a expectativa e a surpresa sejam ainda maiores.

Veja repercussão do anúncio do novo Papa, Francisco I



Cardeal Jorge Mario Bergoglio é o 1º Papa latino-americano da história.
Decisão foi anunciada nesta quarta-feira (13) após dois dias de conclave.

Do G1, em São Paulo

O conclave elegeu nesta quarta-feira (13)o cardeal Jorge Mario Bergoglio, argentino, como novo Papa, sucessor de Bento XVI à frente da Igreja Católica Apostólica Romana.
O nome do escolhido pelos 115 cardeais foi anunciado pelo mais velho dos cardeais-diáconos, o francês Jean-Louis Tauran.
A decisão surpreendeu, pois o argentino, citado inicialmente, não aparecia nas últimas listas de favoritos, que incluíam o brasileiro Dom Odilo Scherer e o italiano Angelo Scola.
Veja a repercussão do anúncio:
Dilma Rousseff, presidente da República Federativa do Brasil, em comunicado oficial: "Em nome do povo brasileiro, congratulo o novo Papa Francisco I e cumprimento a Igreja Católica e o povo argentino. Maior país em número de católicos, o Brasil acompanhou com atenção o conclave e a escolha do primeiro Papa latino-americano. É com expectativa que os fiéis aguardam a vinda do papa Francisco I ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, em julho. Esta visita, em um período tão curto após a escolha do novo pontífice, fortalece as tradições religiosas brasileiras e reforça os laços que ligam o Brasil ao Vaticano."
Cristina Kirchner, presidente da Argentina, em carta divulgada pela agência AFP: "É nosso desejo que tenha, ao assumir a condução e guia da Igreja, um frutífero trabalho pastoral desempenhando tão grandes responsabilidades em prol da justiça, da igualdade, da fraternidade e da paz da Humanidade."
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, em comunicado divulgado pela BBC:"Como o primeiro papa das Américas, sua escolha fala da força e da vitalidade de uma região que está cada vez mais influenciando o mundo. Junto com milhões de hispano-americanos, nós, nos Estados Unidos, compartilhamos a alegria deste dia histórico. Como um defensor dos pobres e dos mais vulneráveis, ele carrega a mensagem de amor e de compaixão que inspira o mundo há mais de 2 mil anos - que no rosto de cada um, vemos o rosto de Deus."
Arquidiocese do Rio de Janeiro, em comunicado oficial: "A festa de celebração dos fiéis reunidos na Praça São Pedro é a mesma que existe no coração de cada católico que acompanha o momento histórico pela internet e/ou televisão. A certeza de que o escolhido pelo colégio cardinalício foi o desejado por Deus para estar à frente da Igreja anima homens e mulheres de todas as nações à fé de que um novo tempo de graça tem início."
Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, em comunicado divulgado pela BBC: "Espero dar continuidade à cooperação entre as Nações Unidas e a Santa Sé, sob a liderança da Sua Santidade Papa Francisco. Compartilhamos objetivos comuns - da promoção da paz, justiça social e direitos humanos, à erradicação da pobreza e da fome - todos, elementos centrais para o desenvolvimento sustentável. Também compartilhamos a convição de que só podemos resolver os desafios interconectados do mundo de hioje através do diálogo."
David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, em comunicado divulgado pela agência EFE: "Um dia transcendental para os 1,2 bilhão de católicos ao redor do mundo, no qual Sua Santidade o Papa Francisco I foi nomeado o Papa de Roma número 266."
Dom Antonio Carlos Altieri, arcebispo de Passo Fundo, ao G1: "A gente sabe que a nacionalidade, como tudo no mundo moderno, não é tão importante. O novo Papa vai dar uma resposta adequada. É a pessoa certa, no momento certo.O Papa João Paulo II já esperava que a América Latina fosse a resposta. Ele esperava já uma terceira via. É uma grande alegria termos um novo guia, um novo representante. Agora também se soma a isso um Papa latino-americano, onde o catolicismo é mais generoso. Certamente a escolha do novo Papa trará muitos argentinos à Jornada Mundial da Juventude, que ocorre no Rio de Janeiro neste ano ainda. O novo Papa se compromete a renovar a esperança de uma evangelização mais significativa. O Papa Francisco I já estava no coração de Deus e espero que ele tenha mais energia que o Papa Bento XVI."
Dom Caetano Ferrari, bispo da Diocese de Bauru (SP), ao G1: "Acredito que ele vai continuar nessa linha de renovação que o Vaticano pede, para que as estruturas sejam mais simplificadas, de se ter uma relação mais direta das igrejas locais do mundo com o Papa, sem grandes burocracias."
Dom Edmar Perón, bispo-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, ao G1: "Todos nós fomos pegos por uma grandíssima surpresa. Ele escolheu um lema para sua vida quando escolheu o nome Francisco. Pelo que lemos é uma pessoa muito simples."
Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife, ao G1: "Ele não estava entre os favoritos. É um jesuíta e dificilmente os jesuítas assumem esses cargos, não se tornam nem bispos, por causa do voto de pobreza. Tem a idade também, ele tem 76 anos, é uma idade muito parecida com a que Bento XVI tinha quando foi eleito, 78 anos. Por outro lado, é uma pessoa querida por todos, porque é extremamente simples e humilde, tanto que na primeira aparição pública, antes mesmo de abençoar os fieis, ele pediu que fizessem orações por ele, porque é uma carga muito pesada. Esse Papa é um sinal de renovação, porque ele é um homem muito correto, íntegro em suas decisões. As mudanças devem começar já na escolha das pessoas que vão assessorá-lo."
Dom Frederico Heimler, arcebispo de Cruz Alta, ao G1: "É fantástico que a escolha tenha sido por um argentino. É a primeira vez que um Papa vem de fora da Europa. É um grande sinal de que os cardeais, visivelmente, estão querendo mudanças na igreja católica. Até a questão da escolha do nome indica mudanças. Eu confesso que gostaria muito que fosse um brasileiro o escolhido, mas acho que ainda não era a hora do Brasil. Sendo da América do Sul, já é um grande sinal. Os cardeais valorizaram o trabalho que vem sendo feito em outros continentes. É um sinal claro de mudanças que estão por vir."
Dom Hélio Adelar Rubert, arcebispo de Santa Maria, ao G1: "Foi uma surpresa e uma grande alegria. É uma boa notícia para nossos irmãos argentinos. Estou muito agradecido a Deus por nossa escolha. Já rezamos bastante pelo novo Papa. Ficamos muito felizes. Na verdade, estávamos naquela expectativa (sobre Dom Odilo). Teve muita propaganda em cima disso, mas esta eleição que acontece no Vaticano é um serviço para a igreja, para humanidade. É diferente de outras eleições. O silêncio, as orações para que os cardeais descubram o que já estava no coração de Deus. Acho que esta eleição cria uma auto-estima na Argentina, um povo muito sofrido, e para nossa América. São novas esperanças."
Dom Jacinto Bergmann, arcebispo de Pelotas, ao G1: "A geografia não entra no critério da escolha do Papa. Sempre fui muito aberto a escolha do que poderia acontecer. Nunca coloquei este ou aquele como favorito. Acolho com muita alegria. Foi o escolhido de Deus. Igreja tem outros parâmetros para a escolha do papa. Nossa escolha não é por nacionalidade. O Papa latino-americano significa  que temos uma igreja viva. É uma alegria muito grande poder dizer que nós temos um filho para oferecer para ser o pastor universal."
Dom Luiz Mancilha Vilela, arcebispo de Vitória, ao G1: "Queremos um pastor, que saiba guiar o povo. Quando se apresentou, a primeira coisa que pediu aos fiéis que estavam na Praça de São Pedro é que rezassem por ele. Fiquei muito feliz com isso, mostra que ele quer a participação do povo. Será um bom líder. Sei que ele é jesuíta e por isso posso crer que é uma pessoa bem formada do ponto de vista intelectual e teológico. Por isso deve enfrentar os problemas com fé e coragem. A escolha do nome dele também foi baseada em suas crenças, pois São Francisco Xavier era jesuíta e grande evangelizador. Esse é um ponto que a Igreja busca muito hoje, a nova evangelização, que são novos métodos mais entusiastas, para estimular os fiéis."
Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho, ao G1: "O fato dele ser latino-americano não causou supresa. Ele é visto com bons olhos, é humilde. Em Buenos Aires só anda de ônibus. Estupenda, não podiam fazer escolha mais bonita. Tive a oportunidade na assembleia de Aparecida (SP) de estar com ele e é muito brincalhão. Ótima escolha."
Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, à agência Reuters: "Isso demonstra que a Igreja está olhando para o continente latino-americano. O Papa que viria seria o Papa de todos nós, independente da nacionalidade. Já se ouvia muito em Roma que era preciso se voltar para a América Latina. Esse sinal foi dado."
Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo diocesano, ao G1: "Brasil e Argentina são países irmãos e fraternos e o continente americano é o mais católico do mundo. Fiquei muito feliz com a escolha. Este é um grande reconhecimento para o catolicismo latino-americano. Eu achei muito bonito ele (Papa) pedir para que o povo o abençoasse. Estou feliz e fiquei surpreso pelo fato de ele ter escolhido o nome Francisco."
Dom Tarcísio Scaramussa, bispo-auxiliar de São Paulo, em comunicado divulgado pela agência Reuters: "A partir de hoje, Pedro à frente da Igreja Católica Apostólica Romana, é Francisco I. Cabe a ele, agora, conduzir a Igreja - barca de Pedro - pelas águas agitadas do atual contexto social, político, cultural, econômico e religioso, com renovado ardor missionário no compromisso vivo e eficaz no anúncio do evangelho de Jesus Cristo. Cantamos um hino de louvor a Deus também porque em seus desígnios quis que à frente da Igreja tivesse um Papa latino-americano."
Flávio Scherer, irmão de dom Odilo Scherer, ao G1: "Não estava nas expectativas, e também pela idade. Foi eleito com 76 anos um Papa quase com a mesma idade do Bento XVI. Isso contradiz com toda expectativa de que fosse um Papa mais jovem. Não fiquei decepcionado. Estou aliviado, seria um peso muito grande para o meu irmão assumir."
Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo, em comunicado oficial: "Tenho a confiança de que o Papa Francisco, iluminado pelo Espírito Santo, terá a força espiritual para ser o portador da mensagem de Cristo, que nos fala de um mundo de Justiça, de igualdade e de mansidão. Com alegria, estou certo de que o Papa Francisco saberá dialogar com os desafios do mundo moderno, conservando, no entanto, os valores eternos da Igreja."
Leonardo Boff, teólogo brasileiro, à ANSA: "A verdade é que estou surpreso, eu não posso dizer nada sobre o novo Papa, é preciso esperar, mas a escolha foi rápida, tão rápida, que é surpreendente, só gostaria que o Papa eleito -- o qual não conhecemos ainda -- seja um Francisco I, um Papa de sandálias para caminhar."
Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao G1: "É um momento de muita alegria para todos nós [...]. Fomos surpreendidos com a eleição de um latino-americano. Creio que até ficamos emocionados de recebermos uma notícia tão bonita. Nós estamos felizes estamos feitos por já ter um novo Papa. A escolha de um latino-americano bem mostra que a Igreja se abre, que está voltada para toda a Igreja, não só para a Europa."
Monsenhor Antonio Catelan, assessor de doutrina da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Globo News: "No primeiro momento eu me recordei de São Francisco de Assis, um papa surgido num período em que se falava de necessidade de reformas profundas na Igreja, que se encontrava muito politizada. E São Francisco pregava, então, uma reforma que vinha da vivência do evangelho com simplicidade, o evangelho na sua integralidade. Depois, uma das palavras-chave do discurso improvisado do Papa Francisco foi o tema da fraternidade. É muito conhecido o cântico de São Francisco, onde ele chama de irmão, irmã, não só as pessoas, mas a natureza, até a morte."
Paulino Scherer, irmão de dom Odilo Scherer, ao G1: "Meu irmão, dom Odilo, nos pediu pé no chão. Que o nome de fato poderia ser bem diferente dos que figuravam na mídia. Penso que não é um jogo de futebol, nem uma eleição política e, por isso, o nome de um argentino é bem vindo. Ter um irmão, de um país vizinho como Papa é uma honra. Haveria com certeza uma certa pressão. De toda forma estamos tranquilos com a decisão dos cardeais."
Padre José Gonçalo Vieira, pároco da catedral de Belém, ao G1: "Para todos nós, foi uma surpresa gratificante e motivo de alegria o Santo Padre eleito que representa o continente latino, e isso nos dá grande satisfação. Que ele faça do seu santificado a igreja do mundo inteiro. O nome que ele escolheu como Francisco já representa o que ele quer que todos sejamos: instrumentos da paz e que busquemos a pobreza para confundir o coração dos poderosos. A característica do Papa Francisco I é a sua identificação com os pobres, então, nós esperamos que toda a cultura e o entendimento que o Papa Francisco tem venha trazer para o mundo a riqueza espiritual."
Roberto Romano, professor de Ética e Política da Unicamp, à agência Reuters: "Ele (Bergoglio) não corresponde à Igreja mais tradicionalista na Argentina, que teve um papel vergonhoso na ditadura militar... Ele não comunha daquela voz reacionária do clero anterior. Foi uma vitória das alas da Igreja que são contrárias a essa centralização e a esse poder desmedido da Cúria Romana... Isso é um indício muito interessante de mudança no relacionamento da cúria com os bispos."
Papa Francisco acena para a multidão depois do anúncio na sacada (Foto: Gregorio Borgia/AP)Papa Francisco I acena para a multidão na Praça São Pedro depois do anúncio (Foto: Gregorio Borgia/AP
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Irmão de dom Odilo se diz aliviado com a decisão do conclave



Paulino Scherer repercutiu a escolha do pontífice argentino nesta quarta.
Apesar da expectativa, ele disse que família mantinha os 'pés no chão'.

Suellen FernandesDo G1 Vale do Paraíba e Região
Irmão do cardeal dom Odilo Scherer se diz aliviado com a escolha do novo Papa. (Foto: Reprodução/TV Vanguarda)Irmão do cardeal dom Odilo Scherer se diz aliviado
com a escolha. (Foto: Reprodução/TV Vanguarda)

Apesar da expectativa em torno da possível escolha de dom Odilo Scherer para a sucessão papal - o nome do brasileiro figurava entre os de maior prestígio para ocupar o posto máximo da Igreja Católica antes do conclave -,  o irmão do cardeal, que vive em São José dos Campos (SP), Paulino Scherer, vê a escolha do conclave nesta quarta-feira (13) com alívio.

Os 115 cardeais elegeram no Vaticano o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 75 anos, como o novo pontífice, que adotou o nome Francisco I.

Para Paulino, apesar da expectativa anterior à eleição, a família estava preparada para um resultado diferente. "Meu irmão, dom Odilo, nos pediu pé no chão. Que o nome de fato poderia ser bem diferente dos que figuravam na mídia. Penso que não é um jogo de futebol, nem uma eleição política e, por isso, o nome de um argentino é bem vindo. Ter um irmão, de um país vizinho como Papa é uma honra", disse, por telefone, ao G1.
Ele disse que está aliviado, porque tinha a consciência de que a vida da família mudaria muito a partir da possível escolha de seu irmão como Papa. "Haveria com certeza uma certa pressão. De toda forma estamos tranquilos com a decisão dos cardeais", afirmou.

Surpresa
A decisão do conclave surpreendeu, pois o argentino não aparecia nas últimas listas de favoritos, que incluíam o brasileiro Dom Odilo Scherer e o italiano Angelo Scola.
A fumaça branca apareceu por volta das 19h08 locais (15h08 de Brasília), e foi recebida com festa pela multidão que tomava a Praça de São Pedro. Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram.
Em sua primeira bênção, para uma Praça de São Pedro lotada de fiéis apesar da chuva, o argentino afirmou que "parece que seus colegas cardeais foram buscar o Papa no fim do mundo", em uma referência à sua Argentina natal.
Em tom sério, ele pediu aos cerca de 1,2 bilhão de católicos do mundo para "empreender um caminho de fraternidade, de amor" e de "evangelização".
Ele também agradeceu ao seu predecessor, o agora Papa Emérito Bento XVI, em um gesto sem precedentes na Igreja moderna: um Papa agradecendo a um sucessor vivo.
"Rezem por mim, e nos veremos em breve", afirmou, acrescentando que, nesta quinta-feira, pretende rezar para Nossa Senhora. "Boa noite a todos e bom descanso", finalizou, na varanda da Basílica de São Pedro, sob aplausos da multidão.

Veja o perfil do argentino Jorge Mario Bergoglio, o novo Papa, Francisco I



Pontífice tem 76 anos, nasceu em Buenos Aires e é engenheiro químico.
Bergoglio virou sacerdote quase uma década após perder um dos pulmões.

Do G1, em São Paulo
13 de março - Foto divulgada pelo Vaticano mostra o Papa Francisco acenando para a multidão de fiéis na Praça São Pedro (Foto: L'Osservatore Romano/AFP)Foto divulgada pelo Vaticano mostra o novo Papa acenando para multidão (Foto: L'Osservatore Romano/AFP)
O argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, agora Papa Francisco I, nasceu em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936. Arcebispo de Buenos Aires e primado da Argentina, ele é um homem tímido e de poucas palavras, mas com grande prestígio entre seus seguidores, que apreciam sua total disponibilidade e seu estilo de vida sem ostentação. É reconhecido por seus dotes intelectuais e considerado dialogante e moderado, amante do tango e do time de futebol San Lorenzo.
Antes de seguir carreira religiosa, Bergoglio formou-se engenheiro químico. Escolheu depois o sacerdócio, quase uma década após perder um pulmão por uma doença respiratória e de deixar seus estudos de química, ingressando em um seminário no bairro de Villa Devoto. Em março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, congregação religiosa dos jesuítas, fundada no século XVI.
Em 1963, Bergoglio estudou humanidades no Chile, retornando à Argentina no ano seguinte. Entre 1964 e 1965, foi professor de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé. Em 1966, ensinou as mesmas matérias em um colégio de Buenos Aires.
Entre 1967 e 1970, Bergoglio estudou teologia, tendo sido ordenado sacerdote no dia 13 de dezembro de 1969.
Em menos de quatro anos chegou a liderar a congregação jesuíta local, um cargo que exerceu de 1973 a 1979.
Foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, entre 1980 e 1986, e, depois de completar sua tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba.
Em 1992, Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Em 1997, ele virou arcebispo titular de Buenos Aires. Atuou como presidente da Conferência Episcopal da Argentina de 2005 até 2011.
Foi criado cardeal pelo então Papa João Paulo II em 1998. Em 2001, João Paulo II o nomeou primaz da Argentina. Ele ocupou então a presidência da Conferência Episcopal durante dois períodos, até que deixou o posto porque os estatutos o impediam de continuar.
Bergoglio foi na Santa Sé membro da Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos; da Congregação para o Clero; da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica; do Pontifício Conselho para a Família e a Pontifícia Comissão para a América Latina.
Filho de uma família de classe média com cinco filhos, de pai ferroviário e mãe dona de casa, o novo Papa é pouco inclinado a aceitar convites particulares e tem um "pensamento tático", de acordo com especialistas.
Polêmica na ditadura
A ascensão religiosa de Jorge Mario Bergoglio coincidiu com um dos períodos mais obscuros da Argentina: a ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1982. Ele foi acusado de retirar proteção de sua ordem a dois jesuítas que foram sequestrados clandestinamente pelo governo militar por fazerem trabalho social em bairros de extrema pobreza. Ambos os padres sobreviveram a uma prisão de cinco meses.
O caso é relatado no livro "Silêncio", do jornalista Horacio Verbitsky, também presidente da entidade privada defensora dos direitos humanos CELS. A publicação leva em conta muitas manifestações de Orlando Yorio, um dos jesuítas sequestrados, antes de morrer por causas naturais em 2000.
"A história o condena: o mostra como alguém contrário a todas as experiências inovadoras da Igreja e, sobretudo, na época da ditadura, o mostra muito próximo do poder militar", disse há algum tempo o sociólogo Fortunato Mallimacci, ex-decano da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires.
Os defensores de Bergoglio dizem que não há provas contra ele e que, pelo contrário, o novo Papa ajudou muitos a escapar das Forças Armadas durante os anos de chumbo no seu país.
Preocupação social
No Vaticano, longe de possíveis manchas dos tempos de ditadura, é esperado que o homem silencioso que agora é Papa conduza a estrutura da Igreja Católica com mão de ferro e com uma marcada preocupação social.
Políticos argentinos foram repetidamente alvo da retórica afiada do sacerdote, acusados por ele de não combater a pobreza e preocuparem-se apenas em seguir no poder.
Conhecido por sua simplicidade, Bergoglio vivia sozinho, em um apartamento, no segundo andar do edifício da Cúria, ao lado da Catedral de Buenos Aires, no coração da cidade. A imprensa local lembra hoje que, da janela de seu apartamento, foi testemunha da violência na Praça de Maio durante a crise de dezembro de 2001.
Indignado, ligou para o ministro do Interior para lhe pedir que desse instruções para que os agentes diferenciassem entre ativistas e correntistas que reivindicavam seus direitos.
Em 2004, após a tragédia da boate Cromagnon, percorreu os hospitais da cidade para ajudar as famílias das vítimas .
Pouco amigo de aparições na imprensa, Bergoglio tentou manter um baixo perfil público, costuma usar transporte público e inclusive se confessa na Catedral. Ele foi dos poucos cardeais que, quando chegou a Roma para a eleição do novo papa, não usou veículos oficiais.
O novo papa é um amante dos autores clássicos, gosta de tango e não esconde sua paixão pelo futebol, especialmente pelo San Lorenzo de Almagro – tem uma camisa assinada pelo elenco
'Destruição do plano de Deus'
Em 2010, ele também enfrentou a presidente Cristina Kirchner quando o governo apoiou uma lei para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Não vamos ser ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é uma tentativa de destruição do plano de Deus", disse Bergoglio em carta, dias antes de o projeto ser aprovado pelo Congresso.
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O conclave elegeu nesta quarta-feira (13) o cardeal Jorge Mario Bergoglio como novo Papa, sucessor de Bento XVI à frente da Igreja Católica Apostólica Romana. O nome do escolhido pelos 115 cardeais foi anunciado pelo mais velho dos cardeais-diáconos, o francês Jean-Louis Tauran. Bergoglio escolheu se chamar Papa Francisco I.
A decisão surpreendeu, pois o argentino, citado inicialmente, não aparecia nas últimas listas de favoritos, que incluíam o brasileiro Dom Odilo Scherer e o italiano Angelo Scola.
A fumaça branca apareceu por volta das 19h08 locais (15h08 de Brasília), e foi recebida com festa pela multidão que tomava a Praça de São Pedro. Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram.
Em sua primeira bênção, para uma Praça de São Pedro lotada de fiéis apesar da chuva, o argentino afirmou que "parece que seus colegas cardeais foram buscar o Papa no fim do mundo", em uma referência à sua Argentina natal.
Em tom sério, ele pediu aos cerca de 1,2 bilhão de católicos do mundo para "empreender um caminho de fraternidade, de amor" e de "evangelização".
Ele também agradeceu ao seu predecessor, o agora Papa Emérito Bento XVI, em um gesto sem precedentes na Igreja moderna: um Papa agradecendo a um sucessor vivo.
"Rezem por mim, e nos veremos em breve", afirmou, acrescentando que, nesta quinta-feira, pretende rezar para Nossa Senhora. "Boa noite a todos e bom descanso", finalizou, na varanda da Basílica de São Pedro, sob aplausos da multidão.
Conclave
conclave, votação secreta que escolhe o novo pontífice, foi convocado após a renúncia de Bento XVI, anunciada em 11 de fevereiro e concretizada em 28 de fevereiro.
Bento XVI saiu alegando que não tinha mais forças para a tarefa de liderar a igreja. Seupontificado foi marcado por várias crises, pelo escândalo do acobertamento da pedofilia e pelo vazamento de documentos secretos no chamado escândalo VatiLeaks.
O conclave ocorreu após dez congregações gerais de cardeais, nas quais os problemas da igreja foram debatidos exaustivamente, em meio a muitas especulações e conversas de bastidores sobre os prováveis papáveis.
A imprensa italiana afirmou que um dos principais temas das congregações foi um dossiê preparado no ano passado, a pedido do hoje Papa Emérito Bento XVI, sobre irregularidades na Cúria Romana. Cardeais estariam pressionando pelo acesso ao documento. Questionados abertamente, o Vaticano e cardeais minimizaram a importância do documento.
Renúncia de Bento XVI
O alemão Bento XVI, desde 28 de fevereiro Papa Emérito, anunciou em 11 de fevereiro que havia decidido renunciar.
Ele foi o primeiro pontífice a renunciar em mais de seis séculos, o que criou situações praticamente inéditas para a Igreja Católica Apostólica Romana.

Desde a renúncia, Bento XVI está em Castel Gandolfo, a residência de verão dos Papas, que fica a cerca de 25 km do Vaticano. Ele permanecerá lá por dois meses e depois ficará recluso num antigo convento sobre as colinas do Vaticano, com vista para a cúpula da Basílica de São Pedro
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