quinta-feira, 25 de abril de 2013

Estudante que foi apontado como suspeito de atentado é achado morto



Sunil Tripathi estava desaparecido desde 16 de março.
Ele teve o nome injustamente ligado às explosões de Boston.

Do G1, em São Paulo

Sunil Tripathi teve o nome injustamente ligado às explosões de Boston (Foto: Divulgação/Brown University)Sunil Tripathi teve o nome injustamente ligado às
explosões de Boston (Foto: Divulgação/
Brown University)
O corpo de um jovem que foi encontrado no início desta semana no rio Providence, no estado de Rhode Island (EUA), foi confirmado como sendo o de um aluno da Universidade de Brown. O jovem havia sido citado injustamente como possível suspeito pelo atentado na Maratona de Boston.
Segundo a emissora de TV NBC, Sunil Tripathi, de 22 anos, tinha sido visto pela última vez no dia 16 de março.
Seu nome apareceu recentemente nas redes sociais como possível suspeito pelos atentados na maratona, que deixaram três pessoas mortas e dezenas de feridas.
"Existe alguma dúvida de que o suspeito nº 2 é Sunil Tripathi?" escreveu o usuário do Twitter chamado "HonestyInGov".
Inicialmente, o caso de Tripathi tinha sido relatado como desaparecimento. No entanto, depois dos atentados no dia 15 de abril, alguns usuários no Twitter, Facebook e Reddit relacionaram a imagem de Tripathi com a de um dos suspeitos das explosões em Boston.
Falsamente, os usuários do Twitter, Facebook e Reddit compararam Tripathi como sendo um dos suspeitos do atentado que apareciam em imagens divulgadas pelo FBI. Algumas pessoas acharam que ele havia sumido, pois tinha participado dos ataques.
Posteriormente, no entanto, a polícia identificou os suspeitos como sendo os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev.
Os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev  (Foto: AP)Os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev,
suspeitos pelo atentado em Boston (Foto: AP)
Atentado
Acusado formalmente pelo atentado, o americano de origem chechena Dzhokhar Tsarnaev foi capturado com vida na noite da última sexta-feira. Seu irmão, Tamerlan, tinha sido morto em confronto com a polícia na madrugada do mesmo dia.
Dzhokhar, que estava respondendo as perguntas dos investigadores por escrito, afirmou que seu irmão mais velho o havia recrutado para participar dos ataques na chegada da Maratona de Boston. Durante o interrogatório, o jovem também disse que eles realizaram os ataques para protestar contra as guerras dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão.
Segundo as autoridades americanas, Dzhokhar ficou calado após a polícia ler seus direitos constitucionais. Os direitos foram lidos apenas 16 horas após o início do interrogatório.
Ele parou de falar imediatamente após um juiz e um representante da promotoria entrarem em seu quarto no hospital onde está internado e lerem os chamados “Direitos de Miranda”, que garantem ao acusado o direito de ficar calado e receber orientação jurídica.

Cartório é obrigado a corrigir certidão de mulher registrada como homem



Rogéria está grávida do terceiro filho.
MPE deu parecer favorável ao pedido nesta quarta-feira (24).

Rayssa NataniDo G1 Acre

Rogéria sentença (Foto: Rayssa Natani / G1)Rogéria Ramos comemora sentença de retificação  (Foto: Rayssa Natani / G1)













A justiça do Acre determinou que o cartório de Manaus retifique a certidão de nascimento da jovem de 24 anos registrada por engano com o nome de Rogério Ramos Nogueira, como sendo do sexo masculino. O Ministério Público Estadual do Acre (MPE-AC) deu parecer favorável ao pedido nesta quarta-feira (24). O Cartório terá um prazo de cinco dias, após o recebimento do mandado, para fazer as modificações.
 
A saga de Rogéria começou em agosto de 2012. Ela passou por constrangimentos e precisou juntar provas de que havia nascido mulher. "A olho nu a gente sabe que ela é mulher. Inclusive porque ela está grávida. Mas nos autos é preciso constar uma prova documental", explica o promotor Felisberto Fernandes.
Rogéria sentença  (Foto: Rayssa Natani / G1)Jovem está ansiosa para registrar os filhos
(Foto: Rayssa Natani / G1)
Rogéria fez exames ginecológicos, apresentou o registro de nascida e demais documentos exigidos pela justiça. Diante das provas, Felisberto deferiu o pedido. "Entendi que o pedido era pertinente. Agora a sentença será remetida para o Tribunal de Justiça do Amazonas, para que o juiz de lá determine ao cartório o cumprimento da sentença do Acre", explica.

Segundo a defensora pública Clara Rúbia, que também acompanhou o caso da jovem, o 7º Cartório de Registro Civil de Manaus, onde Rogéria foi registrada aos quatro anos de idade pelo pai, terá um prazo de cinco dias, após o recebimento do mandado, para cumprir a determinação judicial. "O juiz deu um prazo para que o cartório  corrigisse a certidão dela. Agora é aguardar o cumprimento", diz.
Grávida do terceiro filho, Rogéria diz que a primeira coisa que pretende fazer é registrar as crianças.  "Agora estou mais ansiosa, porque sei que está mais perto. O principal sentimento é de alívio, porque vou ser considerada uma cidadã brasileira, ter carteira de identidade e vou poder registrar meus filhos, que no ano que vem já vão poder estudar", comemora.
Certidão de nascimento Rogéria mostra os erros do cartório (Foto: Rayssa Natani/G1)Certidão de nascimento mostra os erros do cartório (Foto: Raissa Ribeiro/Arquivo pessoal)

 

O ALUNO ELEITO POR TRÊS VEZES CONSECUTIVAS, ALUNO NOTA 10, CONCEDERÁ ENTREVISTA COM EXCLUSIVIDADE NESTA SEMANA A ESTE BLOG.

 AGUARDE!!!!!!!!!!!!

Se PEC 33 passar, 'melhor que se feche o Supremo', diz Gilmar Mendes



Proposta aprovada na CCJ permite ao Congresso derrubar decisões do STF.
Para ministro do STF, PEC é inconstitucional 'de Deus ao último constituinte'.

Mariana OliveiraDo G1, em Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta quinta-feira (25) que, se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza o Congresso a barrar decisões da Corte for aprovada, é "melhor que se feche" o tribunal.
Eles [CCJ] rasgaram a Constituição. Se um dia essa emenda vier a ser aprovada é melhor que se feche o Supremo"
Gilmar Mendes, ministro do STF
A proposta, de autoria do deputado Nazareno Fontelles (PT-PI), prevê que, quando o STF decidir pela inconstitucionalidade de uma emenda à Constituição, o Congresso poderá reavaliar o ato do tribunal.  Se parlamentares discordarem da posição do Supremo, a questão, segundo o projeto, será decidida em um plebiscito popular. A proposta também estabelece que, para o STF declarar a inconstitucionalidade de uma norma, serão necessários os votos de nove dos 11 ministros. Atualmente, bastam seis.
"Não há nenhuma dúvida, ela é inconstitucional do começo ao fim, de Deus ao último constituinte que assinou a Constituição. É evidente que é isso. Eles [CCJ] rasgaram a Constituição. Se um dia essa emenda vier a ser aprovada é melhor que se feche o Supremo Tribunal Federal. É disso que se cuida", afirmou Gilmar Mendes após a sessão desta quinta.
O ministro Gilmar Mendes durante sessão do STF (Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF)O ministro Gilmar Mendes durante sessão do STF
(Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF)
O ministro afirmou ainda que o tema não poderia ser aprovado por votação simbólica. "É recomendado que haja cautela em relação a isso. O que ficou entendido nesse episódio é o fato de uma matéria dessa gravidade ter sido aprovada por aclamação, por votação simbólica, sem uma manifestação em sentido contrário. É constrangedor, eu acredito, por uma comissão que se chama de Constituição e Justiça. Onde está a constituição e a justiça nesta comissão?"
Um pouco antes, o presidente em exercício do Supremo, Ricardo Lewandowski, disse que "não há crise" entre os poderes Legislativo e Judiciário. Na quarta, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto que permite aos parlamentares barrarem decisões do Supremo. A decisão repercutiu entre os ministros da corte, que no mesmo dia manifestaram oposição ao projeto da Câmara.
Ainda na quarta-feira, o ministro Gilmar Mendes emitiu decisão que suspendeu o andamento do projeto de lei, defendido pela base governista no Congresso, que afeta o funcionamento de novos partidos políticos.
Perguntado se via com preocupação o fato de diversas questões do Congresso chegarem ao Supremo, Lewandowski disse que "é assim que funciona a democracia" e negou que haja uma crise.
"Creio que os poderes da República estão funcionando normalmente. Estranho seria se não houvesse atividade. A falta de atividades dos poderes é que é própria de ditaduras, de regimes autoritários. Os poderes estão funcionando. Cada qual toma as atitudes que entendem dentro de sua esfera de competência e assim é que funciona a democracia. Quando os poderes agem dentro de sua esfera de competência, a meu ver, não há o que se falar em retaliação. E muito menos crise. Pelo contrário, os poderes estão ativos, funcionando e não há crise nenhuma."
O ministro Lewandowski está no comando do Supremo porque o presidente da corte, Joaquim Barbosa, viajou para os Estados Unidos, onde deu palestra na universidade de Princeton e participou de evento da revista Time, que o elegeu como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.  Barbosa retorna ao Supremo nesta sexta.
Sobre a decisão provisória do ministro Gilmar Mendes de suspender o andamento do projeto que afeta os novos partidos, Lewandowski disse que a posição de Mendes foi tomada dentro do regimento do STF. Segundo ele, a decisão não teria que passar pelo conjunto de todos os ministros do tribunal. "Em mandado de segurança [tipo de recurso que questionou o projeto], a competência é do relator", disse
.

Congresso vai recorrer da decisão do STF de suspender projeto, diz Renan



Senador disse que houve 'invasão' do Judiciário sobre o Legislativo.
Gilmar Mendes suspendeu proposta que prejudica novos partidos.

Felipe NériDo G1, em Brasília

O presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta-feira (26) que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal para tentar derrubar decisão liminar (provisória) do ministro Gilmar Mendes que suspendeu a tramitação de projeto que inibe a criação de novos partidos. A interrupção no andamento foi determinada nesta quarta, enquanto os senadores discutiam requerimento de urgência para acelerar a tramitação da proposta.
Após reunião com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Calheiros disse que irá apresentar um agravo regimental, instrumento que, se aceito, pode rever decisão do próprio STF. O senador ainda criticou o que classificou como "invasão" do Judiciário sobre o Legislativo.
Não aceitamos que o Judiciário influa nas questões legislativas"
Renan Calheiros
“O papel do Legislativo é zelar pela sua competência. Da mesma forma que nós nunca influenciamos decisões do Judiciário, não aceitamos que o Judiciário influa nas questões legislativas. Nós consideramos isso uma invasão e vamos entrar com agravo regimental”, afirmou.
O agravo regimental é o único tipo de recurso no STF contra decisões monocráticas (de um único ministro), caso da liminar de Gilmar Mendes. Após ser protocolado na Corte, o agravo entrará na pauta de julgamentos do plenário do Supremo, mas não há previsão para ser julgado.
Enquanto isso não ocorrer, a decisão de Mendes só deixará de valer caso a maioria do plenário apresente voto contrário no julgamento do próprio pedido de suspensão da tramitação do projeto que afeta os novos partidos, feito pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Renan Calheiros disse que o recurso é uma tentativa de evitar “agravar a crise” entre os poderes. “É uma oportunidade para que Supremo faça uma revisão da sua própria decisão. Temos outros instrumentos, mas sem querer agravar a crise, a separação dos poderes, nós vamos primeiro entrar com agravo regimental”, disse o senador.
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a liminar do STF afeta o poder  constitucional do Congresso. “Não concordamos e [não] aceitamos que [o Supremo] interfira aqui no nosso processo, correto, constitucional e regimental de expressar os nossos votos. Portanto, vamos entrar com agravo esperando que o Supremo possa rever essa decisão e fazer justiça ao papel constitucional dessa Casa”, disse Alves.
projeto que inibe a criação de partidos, de autoria do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), impede que deputados que migram de partido levem consigo tempo propaganda eleitoral no rádio e na TV e recursos do Fundo Partidário correspondentes ao seu mandato. Se virar lei, a proposta pode prejudicar o projeto da ex-senadora Marina Silva, potencial candidata à Presidência em 2014, de fundar uma nova sigla.
Em sua decisão, Mendes afirma que o Supremo pode analisar questões internas do Congresso em casos de "flagrante desrespeito ao devido processo legislativo ou aos direitos e garantias fundamentais". Sobre o projeto em si, ele afirmou ver possibilidade de "violação aos princípios democráticos, do pluripartidarismo e da liberdade de criação de legendas".
A decisão de Gilmar Mendes de suspender o projeto que prejudica novos partidos foi tomada no mesmo dia em que a Comissão de Constitução e Justiça da Câmara aprovou uma outra proposta, de emenda à Constituição (PEC), que limita poderes do STF. De autoria do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), a PEC permite ao Congresso propor plebiscito para derrubar decisões do STF de declarar a inconstitucionalidade das leis.
Renan disse não acreditar que a decisão do STF seja uma reação à aprovação da PEC que limita o poder da Corte. “Acredito que não, como é que nós vamos acreditar numa coisa dessas? É preciso compreender a complexidade da separação dos poderes. A separação não pode se resumir a uma mera questão emocional”, declarou.

Desemprego no Brasil sobe em março e inflação reduz renda do trabalhador



Apesar de o desemprego ser o menor para o mês, taxa foi a maior desde junho de 2012

Reuters |
Reuters
O desemprego no Brasil subiu ligeiramente no mês passado, com o mercado de trabalho mostrando perda de dinamismo, ao mesmo tempo em que a inflação começou a corroer a renda do trabalhador brasileiro, mostraram dados divulgados nesta quinta-feira (25).
A taxa de desemprego atingiu 5,7% em março, menor patamar histórico para o mês, ante 5,6% em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de ser o menor resultado para março, a taxa de desemprego foi a maior leitura registrada desde junho do ano passado (5,9%) e completou três meses seguidos de alta, algo que normalmente ocorre após as festas de final de ano, quando há dispensa de temporários.
Agência Brasil
O rendimento médio da população ocupada caiu 0,2% no mês passado ante fevereiro, ao atingir R$ 1.855,40
"A economia não reage e não se aumenta a força de trabalho", disse o pesquisador do IBGE Cimar Azeredo.
Segundo o IBGE, a ligeira alta no desemprego em março se deve tanto à redução nas contratações quanto ao aumento na desocupação, que são as pessoas que estão procurando ou perderam emprego.
A população ocupada recuou 0,2% em março na comparação com fevereiro, mas cresceu 1,2% ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 22,922 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas avaliadas.
A população desocupada, por sua vez, chegou a 1,373 milhão de pessoas em março, alta de 1,2% ante fevereiro, mas queda de 8,5% sobre um ano antes.
Outro fator que chamou a atenção foi o índice de inatividade, quando as pessoas desistem de procurar trabalho, que cresceu 0,5% em março. Em fevereiro, a taxa já havia expandido 1%.
Esse fenômeno ficou concentrado em São Paulo, segundo o IBGE, região mais importante da pesquisa e com participação de cerca de 40% no mercado de trabalho. Nela, embora a taxa de desemprego tenha caído para 6,3% em março ante 6,5% em fevereiro, houve forte dispensa e crescimento na inatividade.
A população ocupada em São Paulo caiu 1,5% em março ante fevereiro e a desocupação avançou 4,4%. Parte desse contingente foi para a inatividade, que aumentou 2,1%.
Se houver uma queda na população ocupada e aumento da inatividade, especialmente em São Paulo, passa-se a ter um problema no mercado
"São Paulo teve movimento inesperado e a luz amarela foi acesa", destacou Azeredo. "Se houver uma queda na população ocupada e aumento da inatividade, especialmente em São Paulo, passa-se a ter um problema no mercado."
Rendimento x inflação O rendimento médio da população ocupada caiu 0,2% no mês passado ante fevereiro, ao atingir R$ 1.855,40, já afetado pela inflação elevada no país. Em janeiro, o rendimento havia crescido 1,2%, após duas quedas em novembro e dezembro, acrescentou o IBGE.
"Por trás disso, há aumento da inflação, que vem corroendo (os ganhos). O que ocorre também é perda do poder de compra do trabalhador", completou Azeredo.
A inflação tem permanecido em patamares elevados e chegou a estourar o teto da meta do governo, de 6,50% ao ano. Em março, o IPCA registrou alta 6,59% em 12 meses e, em abril, o IPCA-15 —sua prévia— mostrou avanço de 0,51%, acumulando 6,51% em 12 meses.
Por outro lado, avaliam economistas, embora o baixo nível do desemprego no país evidencie que a recuperação frágil da economia tem pouco impacto sobre o mercado de trabalho, ele ajuda a manter a pressão sobre os preços.
O Banco Central destacou nesta quinta-feira (25), por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho e ponderou que "um risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação."

    PF faz operação para prender quadrilha de contrabando em três Estados



    Quase cem mandados estão sendo executados em cidades do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Organização seria chefiada por deputado

    Agência Brasil 
    Agência Brasil
    A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (25) uma operação para desarticular uma organização criminosa que atua no contrabando de cigarros e na exploração de jogos ilegais no Paraná. Segundo a PF, 250 policiais federais cumprem 40 mandados de busca e apreensão, 23 mandados de prisão preventiva, seis mandados de prisão temporária e 29 mandados de condução coercitiva.
    As ordens judiciais da "Operação Fractal" estão sendo executadas em cidades paranaenses (Curitiba, Maringá, Medianeira, Foz do Iguaçu, Faxinal e Matinhos), gaúchas (Porto Alegre e Canoas) e catarinenses (Laguna e Joinville). Segundo a PF, as investigações, que começaram em 2010, apontaram que a quadrilha tinha o reforço de policiais militares lotados, na maioria, em rotas de contrabando no noroeste do Paraná.
    Além de facilitar a passagem da mercadoria do grupo, eles extorquiam dinheiro de contrabandistas concorrentes, repassando parte dos valores e dos produtos desviados de apreensões ao núcleo central do esquema. A organização criminosa era liderada por um assessor de um deputado estadual do Paraná e por oficiais da Polícia Militar em postos estratégicos, de acordo com as investigações.
    A PF informa, em nota, que “a soma dos valores oriundos da corrupção e repassada ao assessor e seus contatos na corporação militar paranaense chegou a centenas de milhares de reais.” O lucro com as atividades ilícitas, segundo o texto, permitiu “a obtenção de grande patrimônio por parte dos integrantes da quadrilha, sendo que parte dos imóveis, bem como valores, foram bloqueados por decisão judicial”.
    Ao longo da investigação foram feitos diversos flagrantes e prisões de servidores públicos por corrupção. A investigação, que está em segredo de Justiça, deverá promover outras diligências.
    A Operação foi batizada de Fractal devido à capilaridade detectada nas investigações, que levou a quadrilha a se infiltrar em todas as esferas do estado do Paraná. “Por um conceito matemático, fractal seria um objeto que apenas encontraria regras na irregularidade, com grande capilaridade, definindo bem a atuação do grupo”, explica a nota.
    Foram verificados, durante as investigações, indícios de que a organização criminosa buscava influência em setores das polícias Militar, Civil e Federal; Receita Federal; Ministério Público Estadual e Assembleia Legislativa do Paraná.

      Estiagem do semiárido é a pior dos últimos 50 anos e afeta 22 milhões



      Falta de chuva atinge mais de 90% dos municípios da região presente em oito Estados do País. "Se Deus não tiver compaixão, ninguém vai ficar com nada", diz agricultor

      Agência Brasil 
      Agência Brasil
      A estiagem na região do semiárido não dá trégua e é a pior registrada nos últimos 50 anos. De acordo com o governo federal, 1.415 municípios sofrem e já afeta a vida de quase 22 milhões de brasileiros. A falta de chuva atinge mais de 90% dos municípios do semiárido e ultrapassou a extensão das 1.135 cidades que o compõem.
      Pedro Oliveira/Tribuna da Bahia
      Milhares de animais já morreram por falta de água na região sisaleira da Bahia
      A Secretaria Nacional de Defesa Civil já decretou situação de emergência e estado de calamidade pública em 1.046 municípios. A área mais atingida pela seca estende-se por oito estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), além do norte de Minas Gerais, totalizando uma extensão territorial de mais de 980 km quadrados.
      O agricultor José Alírio de Macedo, de 61 anos, morador da zona rural de Petrolina (PE) conta que até o momento choveu apenas 28 milímetros (mm) na região onde vive. O período chuvoso no município, que tem início em dezembro e pode se estender até maio, tem em média 530 mm. Apesar da estiagem atual, o agricultor cultiva feijão, milho e sorgo para alimentar seu pequeno rebanho.
      “A situação já é feia. Se Deus não tiver compaixão, ninguém vai ficar com nada. E o período mais crítico ainda não começou, que é de agosto para a frente. Ano passado não plantei nada por causa da seca. Nunca vi dois anos diretos sem chuva, como já está acontecendo”.
      Com os frequentes problemas causados pela seca, Macedo passou 14 anos trabalhando em São Paulo. Os seis filhos resistiram e ficaram na cidade, mas o agricultor e a mulher voltaram para o sertão. “O cidadão fica velho e quer estar perto das suas origens”.
      A gravidade da situação levou o governo federal a investir R$ 32 bilhões nas chamadas obras estruturantes, que garantem o abastecimento de água de forma definitiva, como barragens, canais, adutoras e estações elevatórias. Além disso, anunciou no início deste mês mais R$ 9 bilhões em ações de enfrentamento à estiagem.
      A previsão é que cada município atingido pela seca receba uma retroescavadeira, uma motoniveladora, dois caminhões (um caçamba e um pipa) e uma pá carregadeira. O governo também vai distribuir 340 mil toneladas de milho até o fim do mês de maio para serem vendidas aos produtores a preço subsidiado.
      Para o coordenador-geral da organização não governamental Caatinga, Giovanne Xenofonte, a realidade do Semiárido é atenuada com os programas de transferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família e o Garantia Safra.
      “É tanto que, mesmo sendo a maior seca dos últimos 50 anos, a gente não está vendo o que tradicionalmente ocorria nas secas passadas: saques e invasões das famílias na região. Então, esse é o panorama. Se por um lado a gente tem um ambiente muito mais vulnerável, por outro a gente tem algumas ações governamentais que amenizam a situação”.
      O coordenador cita a crise da economia local como uma das consequências da estiagem prolongada. Além da alta nos preços dos alimentos na região devido a queda na produção, os animais que sobrevivem à estiagem perderam seu valor de mercado e podem ser vendidos por até metade do preço.
      “As famílias agricultoras estão descapitalizadas, elas perderam sua poupança [o rebanho]. Elas tiveram que vender [esses animais] por causa da seca e [cobraram] um preço bem abaixo do que normalmente é comercializado”.
      Segundo Xenofonte, isso tudo tem um impacto forte no comércio, porque estamos numa região eminentemente agrícola. “E quando tem uma seca dessa, que afeta as famílias agricultoras, todo comércio sente. A gente nota uma paralisação, uma desaceleração na economia. O que tem mantido de fato são as rendas dos programas governamentais”, argumenta.
      O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Semiárido, Pedro Gama, destaca que a seca é um fenômeno recorrente e cíclico da região do Semiárido, mas que o país ainda não está suficientemente preparado para enfrentar. “A seca, como esse fenômeno de estiagem que é recorrente, é muito comum . A população sabe [disso], [faz parte do semiárido].
      “Mas isso que estamos vivendo, essa estiagem prolongada, é uma crise climática e ocorre a cada 40, 50 anos. Houveram avanços, mas ainda é pouco. Precisa de muito investimento em pesquisas, políticas públicas para que estejamos preparados para enfrentar crise desse tipo”.
      Gama também ressalta que as políticas de transferências de renda do governo federal amenizam os efeitos da seca, mas não impedem de desencadear outros três impactos: social, de produção e climático.
      “O que ocorre com a seca é que ela sempre leva a uma crise de produção. Ou seja, não se produzem alimentos [suficientes] para a população e para os animais. A outra [crise] é o problema da segurança alimentar, que se chama abastecimento de água. Esgotam-se os mananciais e [isso] passa a ser um grande limitante, não só de produção, como para a população”.
      Segundo Gama, há também a crise social, que aparecia fortemente nas secas anteriores e provocava os fenômenos migratórios. Ele lembrou que hoje não se vê isso, porque de alguma forma, os programas de subvenção social atuam como um amortecedor dos impactos sociais. “De certa forma, eles protegem essa população pobre dos impactos de uma seca desse tipo”.
      Para o pesquisador o aumento do valor dos alimentos, com o agravamento da seca, gera uma segunda etapa na “crise climática” com a corrosão do apoio social das políticas de transferência. “Esse impacto todo pode ser atenuado pela área irrigada, não há crise próxima de uma fonte de água. Onde existe um dinamismo levado por essa cultura irrigada, muda totalmente no entorno”, diz.